Em defesa da ex- Fábrica de Tecelagem Japy em Jundiaí/SP

Um dos bairros mais importantes de Jundiaí é a Vila Arens, devido à sua localização, pois fazia e ainda faz a conexão com o transporte ferroviário desde o século XIX e XX e por ser passagem do centro com vários bairros distantes, como Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista, que acabaram tornando-se municípios. Vila Arens também foi um espaço onde estiveram muitas indústrias, muitas de tecidos, como a fábrica São Bento, a Fábrica Tecelagem Japy, a Fábrica Argos industrial S/A , a Fábrica Milani, entre outras. Os pontos de referência que têm mais de cem anos, estão cada vez se tornando miragem, pois a transformação da paisagem está se modificando e descaracterizando, perdendo sua personalidade urbana própria e suas referências, ficando igual a outras quaisquer.

Os prédios verticais e as características arquitetônicas estão sendo erguidos, e os nossos monumentos patrimônios desfeitos , descaracterizados e demolidos.

Um desses monumentos e patrimônios que ainda restam na Vila Arens é a ex- fábrica de tecelagem Japy, aberta em 1913 pelo senador Lacerda Franco, na rua homônima, ao lado da Estação Ferroviária e do Terminal Vila Arens, ainda mostra o passado grandioso e magnânimo de Jundiaí na era industrial, que abrigou a tecelagem, atravessou a Revolução Constitucionalista, teve entre seus funcionários um ícone da música paulista, o compositor Adoniran Barbosa, que também freqüentou o Grupo Escolar ‘Siqueira de Moraes’. O empreendedor, o deputado federal José João Abdalla criador do Grupo J.J. Abdalla S/A, além de diversas empresas era dono da Argos Industrial e a Tecelagem Japi, foram as pioneiras da industrialização em Jundiaí que chegaram a empregar mais da metade da força de trabalho da cidade na década de 1920.

Agora, agonizante, espera autorização da prefeitura de sua demolição, para se tornar mais um condomínio vertical, mais um que irá congestionar mais um pouco, o já sufocante transporte nas ruas estreitas e a falta de estrutura da Vila Arens.

O prédio majestoso, com uma torre tombada pelo município, Lei Municipal nº 3629/90, de 26/11/1990, iniciativa do então vereador Ronaldo Giarolla, espera também ser tombado pelo COMPAC – Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Jundiaí, pelo processo de tombamento nº 15.775/2008, para proteger um bem patrimonial e que faz parte da história do bairro, da cidade e da Nação.

Um povo só é grande quando se orgulha do seu passado e preserva sua memória.

Vamos nos unir para preservar o prédio da ex-fábrica Japy, e destiná-la a algum uso que preserve a sua constituição original.

Jundiaí, dezembro de 2010.

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Regina Kalman – professora de História, artista plástica, membro da AAPJ Associação dos Artistas Plásticas de Jundiaí, AJL - Academia Jundiaiense de Letras e do Grêmio Cultural Prof. ‘Pedro Fávaro’, membro da Comissão de Literatura do Conselho Municipal de Cultua de Jundiaí, membro do Conselho Municipal do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Jundiaí.