NOSTALGIA

Embora, falem que a saudade é um sentimento gostoso de se sentir, pois é sinal de que vivemos algo legal e que nos deixou uma marquinha positiva, eu acredito que, às vezes, não que chega a ser algo negativo, mas que seja algo que pode causar dor, ou ter deixado um triste vazio no coração.

Deve ser porque me lembra que as coisas boas acabam, que tudo passa. A saudade, as duras penas, me ensina que nada de bom, nessa vida, é eterno, mas é importante que seja inesquecível. Porém, que seja inesquecível de uma forma que seja lembrado sem dor, sem sofrimento, apenas com a consciência de que valeu muito a pena, e que minha vida não é construída a partir do dia de hoje, mas que houve um ontem, que se for bem processado e aceito, me ajudará a viver um hoje bem melhor, e conseguir preparar o amanhã consciente de quem fui e quem sou, e no que posso vir a me tornar, se quiser ser melhor enquanto pessoa, e viver melhor.

Mas, mesmo aprendendo tudo isso, a saudade ainda me remete a algumas perdas da minha vida. Coisas que já morreram em mim: Sentimentos, o que eu deixei de ser, o que deixei de viver, fases da vida que passaram, e talvez no momento eu nem soube ou não quis viver ou valorizar como devido. Pessoas, que sem que eu deixasse, se foram desse mundo e deixaram um vazio enorme e dolorido no meu coração. Pessoas que ainda estão vivas, mas que já se foram da minha vida, deixando o mesmo e incontestável vazio.

Mas, em contrapartida, é algo tão subjetivamente bom de sentir, pois a saudade é um sinal que vivi coisas em minha vida que tenham valido a pena e deixado uma marca eterna em meu ser. Não pelo que se foi ou morreu, mas pelo que adquiri, pelo que tenho, pelo maravilhoso aprendizado que ela me proporcionou, proporciona e proporcionará sempre que eu sentí-la.

Eu tenho a consciência do benefício que a saudade me traz. Poder enxergar a saudade e suas consequências por outra ótica é maravilhoso, pois é sempre muito bom experimentar e sentir-me aqui e em outros lugares, tempos, sentimentos, com outras pessoas, coisas que passaram pela minha vida.

Pensar nos momentos em que sofri mas, inevitavelmente, cresci, nas horas tristes que foram sucedidas pelos largos sorrisos e afáveis abraços. No amor que se foi, mas fortaleceu meu coração e me fez uma pessoa mais preparada para um novo amor e todos sentimentos que o compõe.

Ter passado é bom, sentir saudades é melhor ainda, faz bem, faz parte da pessoa que sou agora e do que, certamente, ainda me tornarei. E por sua vez, o presente me envolve, me faz recordar as coisas boas ou ruins pelas quais passei, e ainda me faz sentir saudades do que foi bom, ou ao menos marcante de alguma maneira em minha vida, e depois de tudo, ainda me dá a chance de viver um presente melhor, preparando um futuro promissor a partir das experiências adquiridas com o passado.

Eu travo uma luta diária, comigo mesma, e com as minhas lembranças, para ficar só na boa saudade e me livrar da nostalgia que devasta, focando o pensamento no que está vivo, no que vibra agora, dentro de mim, no presente, e no que ainda está por vir. No que restou daquilo que morreu em mim, mas que me faz ser quem eu sou hoje. E no que só existe hoje, porque essas outras coisas, apesar de já terem ido, existiram em mim e me fizeram existir assim.

Eu sinto que nem preciso ficar tão ansiosa, pois não importa como, mas o futuro vem, é certo que ele vem, pois é o ciclo da vida ter passado, presente e futuro. E é por causa dessa certeza, que preciso me desprender do passado e sempre construir novas histórias, novas lembranças com a perspectiva de novas e maravilhosas saudades sem viver uma doentia nostalgia.

Vannessa Adryanna
Enviado por Vannessa Adryanna em 27/03/2011
Reeditado em 07/10/2011
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