CANSEI DE ORKUT, MSN, FACEBOOK e alhures.
Por Carlos Sena


 

Confesso que cansei. Igualmente confesso que tentei. Tentei gostar do MSN, do Orkut, do Badoo, do próprio Facebook tentei. Por um bom tempo tive algum compromisso de responder mensagens, ficar on-line, bater papo, até paquerar, confesso que fiz. No princípio essas redes dão muito trabalho pra gente se acostumar com elas e com as suas especificidades interativas. Cada uma tem uma ferramenta diferente, um Login, uma nova senha. De repente nossa caixa postal (essa sim, importantíssima) fica cheia de recado, de mensagens, de pedidos de amizade, de confirmação de amizade, de depoimentos em mural, o diabo a quatro. Sem contar que o próprio sistema de algumas redes se encarrega de mandar convites em nosso nome para pessoas que, certamente, a gente nem convidaria pra tomar um café pequeno em nossa casa. De repente, “pimba”! Tá lá aquela pessoa no nosso rol de amigos, como se amizade fosse isso, quero dizer, uma máquina me diz que sou seu amigo e assim serei.  

No tal do ORKUT a gente cansa daquelas mensagens chapadas, cansativas e cheias de informações. O pior é que há pessoas que a gente de fato gosta delas e as considera amigas. Mas tenha paciência, pois essas também nos cansam tal qual o perdão. No tal do Facebook o povo escreve num mural que não fomos nós quem fizemos e ainda o sistema nos convida para responder. Eu até tentei, pois alguns amigos sinceros postaram comentários a meu respeito. Porém quando a gente abre a página do tal mural, vem outra janelinha pedindo outra coisa e depois mais outra. Não bastasse isto, a gente encontra comentários dos comentários que puseram a nosso respeito. Ou seja, isto é como dizem na minha terra, “negócio de fila da puta”.

Eu sei que você pode estar pensando que eu me esqueci das coisas boas das redes sociais. Também nem são tantas. No Orkut uma coisa que gosto é a citação dos aniversários dos meus amigos, pois é uma coisa que sempre passo batido. No Facebook, agrada-me as notícias de colegas e amigos que a gente, com a pressa do dia a dia, perde o contato. No Badoo, nem a putaria presta – funciona como que uma vitrine de gente feia cercada por bonitas querendo sexo por todos os lados (nada contra, mas sexo é outra história). No MSN a virtualidade em tempo real é interessante, mas nem sempre as pessoas que gostaríamos de encontrar para bater um papo estão lá. Por outro lado, mesmo com as pessoas que a gente gosta, fica uma “lenga-lenga” para desligar, sem contar com o abuso de você esquecer que está “OCUPADO ou off-line” e todo mundo ficar dizendo “OI”, provocando uma conversa.

O mundo moderno deve mesmo está com crise de identidade. As pessoas preferem ficar num monitor de internet conversando, alinhavando sonhos que ligam nada a coisa nenhuma. Medo do real? Medo da vida nua e crua? Medo de dizer que ama olhando nos olhos? Medo de se despir pra quem ama diante dele/a mesmo? Qual o fascínio dessas CAM? Qual o ganho das mentiras ditas como verdades e destas como mentiras nos chats e bate papos? Por que muitos ficam nervosos num encontro com pessoas que se conheceu na net?

Muitas seriam as interrogações e talvez muito poucas as respostas capazes de diminuir a solidão; capazes de levar as pessoas a grandes encontros amorosos! Até pode ocorrer, mas o que se vê é o contrário: histórias bizarras de violência e enganação de pessoas que vendem um imagem pela internet e são outras na realidade concreta.

Não! Confesso que cansei. Não sou melhor nem pior do que ninguém, mas sou feliz do meu jeito. E no meu jeito de ser feliz eu paquero ao vivo, eu converso com meus amigos ao telefone ou na minha casa, ou no barzinho. Outro dia recebi um convite para fazer sexo via CAM. Desliguei sem dar resposta e fiquei me imaginando sem roupa olhando uma imagem sem roupa em masturbação mútua... Nada substitui o talento de beijar na boca ao vivo e deixando a mão “passear” sem censura!

Muitas vezes eu saio sozinho, quero dizer, COMIGO. Muitos precisam se descobrir consigo mesmos e daí precisarem menos dos outros neste sentido. Não dou valor às redes sociais nem falo que cansei em nome de ninguém. Apenas gostaria de externar que o meu cansaço é em função de que existem formas mais diretas, mais “in naturas” de viver e se relacionar e até mesmo de encarar a solidão. Que adianta solidão a dois? Certo que há quem prefira estar mal acompanhado a estar sozinho. Defendo que sozinho eu sou mais eu. Se comigo estiver alguém que me preencha e eu a essa pessoa, então será a glória. Mas se por algum motivo isto não acontecer, celebrar a vida é uma boa terapia; agradecer a Deus pelos olhos perfeitos, boca, sentidos, enfim, inteligência, emprego, pai e mãe, irmãos, filhos, etc., já é uma boa tarefa que espanta qualquer solidão... “Só desconhece o poder da oração quem desconhece grandes amarguras”... Talvez se possa caminhar nesse viés, embora o ideal seja o da vida plena em que as redes sociais e tudo de moderno que nos cerca em termos de tecnologias avançadas aconteçam em nossa vida como forma, JAMAIS COMO CONTEÚDO.