Mulheres bíblicas


     1. Em crônica recente, ousei falar sobre Maria Madalena. Assumi o risco de ter minha excomunhão requerida pelos radicais, posto que, coloquei-me, abertamente, entre os defensores da tese de que Maria de Magdala fora namorada ou esposa de Jesus de Nazaré. Se fui um leviano, ou se fui longe demais, não estou nem aí.
     
2. A pergunta que continuo fazendo é esta: que "pecado" teria cometido o Messias se tivesse namorado Madalena ou com ela tivesse se casado?  Tomo a dianteira e respondo: nenhum.
     
3. Pecam, quem sabe, os que procuram provar, com argumentos infantis, que esse namoro ou esse casamento jamais poderia ter acontecido. E saem por aí rosnando: "O quê? Jesus namorar uma prostituta? Casar com uma pecadora? Nunca." A verdade é que - restou provado - que ela não era meretriz e nem uma irrecuperável pecadora.
     
4. É incontestável que Madalena recebeu de Jesus - mais do qualquer outra manceba bíblica - inequívocas e ostensivas demonstrações de confiança e amizade. Atenções que só se dispensa a quem se carrega, com muito amor, no fundo do coração. Os Evangelhos, todos eles, estão aí pra não me deixarem mentir.
     
5. A propósito, não foi um leviano qualquer que disse que Maria Madalena manteve-se firme, no Gólgota, ao pé da cruz; e esteve de plantão nas proximidades do santo sepulcro, enquanto os discípulos do Mestre, nos dois momentos, haviam batido em retirada.
     
6. E que Madalena, por delegação Dele, foi a primeira pessoa a anunciar ao mundo sua Ressurreição. Disse estas coisas bonitas e significativas João Evangelista, o Teólogo, no Capítulo 20 e Versículos seguintes do seu Evangelho, também conhecido como o Evangelho do Amor.
     
7. Bom, sobre Madalena, no momento, é o que tenho a falar. "Basta de dizer bobagens", diria um amigo meu, metido a teólogo. 
     
8. Muito bem. Aproveito o tempo pascal para recordar algumas mulheres com as quais passamos a conviver, quando percorremos as páginas do Antigo e do Novo Testamento. 
Mulheres interessantes. Cada uma com seu perfil e sua história, marcando, todas, de forma indelével, seu espaço, nos Livros Sagrados. 
     
9. Divertindo-me, me dei ao trabalho de trazer para esta crônica mulheres conhecidas. Varoas, cujos nomes, meus diletos leitores, podem ser o de sua tia, de sua prima, de sua namorada, de sua amante, de sua esposa, de sua mãe e até de sua sogra.
     
10. Sulamita, Sara, Raquel, Lia, Ana, Ester, Débora, Rute, Susana, Judite, Marta, ou simplesmente Maria, nome,  permitam-me confessar, que eu adoro.  - "Maria o teu nome principia na palma de minha mão, Maria". 
     
11. Maria!!! Ah são tantas as Marias que caminham por entre os capítulos e versículos da milenar e cada vez mais respeitada e lida
Bíblia Sagrada! Duas, entretanto, a mim me parece se destacar das demais: Maria de Magdala e Maria de Nazaré, a mãe de Jesus.
     
12. Aqui relembrarei somente algumas mulheres bíblicas. São tantas! Quem melhor e mais desejar saber sobre elas procure ler Mulheres na Bíblia, do escritor inglês John Baldock, uma edição grã-fina, 256 páginas, aproximadamente, e com ilustrações primorosas. 
     
13. Começo, claro, lembrando Eva. Para muitos, "a mãe de todos os viventes", nascida da costela de Adão, seu esposo, um homem aparentemente ingênuo. Estranho, né?
     
14. Acusam-na de haver induzido Adão ao pecado, com a ajuda de uma maçã e uma cavilosa serpente.  Juntos, eles seriam os responsáveis pelo tal do "pecado original", que ainda atormenta os incautos. Graças a Javé, não é o meu caso. 
     
15. Com Adão, Eva teve dois filhos: Caim e Abel. A história de Eva é belíssima, embora cheia de mistérios e interrogações; algumas difíceis de serem respondidas.
     
16. Sara. Foi mulher de ninguém mais do que do velho Abraão. A história desse casal qualquer crente sabe de cor. Recorde-se, que, já bem velhinha, ela deu um filho a Abraão: Isaac.
     
17. Rebeca, que significa cativante, sedutora. Foi mulher de Isaac. Desse conúbio, nasceram os célebres gêmeos Esaú e Jacó.
     
18. Dalila, a poderosa e sensual amante de Sansão. Num ato de extrema coragem e ousadia, ela teria cortado a longa cabeleira do marido, fonte secreta da estupenda e temida força desse lendário varão do Antigo Testamento. 1
     
19. Raquel e Lia, filhas de Labão. Por Raquel, Jacó se apaixonou. Mas, na noite de núpcia, dormiu com Lia, vítima de uma manobra de Labão. Estranhou a troca. O sogro explicou-lhe o porquê de tudo. Dias depois, recebeu Raquel como sua definitiva mulher. Estéril, Raquel não teve filhos com Jacó.  Lia, porém, lhe deu (!) um filho, que recebeu o nome de Rúben.
     
20. Isabel. Foi mulher de Zacarias.  Parenta de Maria de Nazaré. Velhinha e estéril, de repente pariu uma das mais importantes figuras bíblicas: João Batista, o Precursor.
     
21. Marta. Foi testemunha, ao lado de sua irmã Maria (?), do milagre da ressurreição do seu irmão Lázaro. Na casa de Marta, na cidade de Betânia, Jesus chorou pelo amigo morto, e foi ungido por Maria.
     
22. Judite. Uma das três mulheres bíblicas que tem um Livro com o seu nome.
     
23. Herodias e Salomé. Mãe e filha.  Acusadas pelo martírio de João Batista, que denunciou o adultério cometido por Herodias. A dança de Salomé diante da cabeça do Batista, exposta numa bandeja. Acho que foi isso que aconteceu.
     
24. Sulamita. Ah, a Sulamita! Sem ela o Cântico dos Cânticos, um poema de amor, perderia muito de sua graça e erotísmo. Lá a gente lê: "Teus dois seios são dois gamos,/ filhos gêmeos de uma gazela/ que se apascentam entre os lírios."  Sulamita, "a mulher que é como um lírio entre os espinhos". Ela, sozinha, merece uma crônica.
     
25. Mas devo terminar. Poderia alongar-me falando daquelas mulheres bíblicas que foram mantidas no anonimato. Cito, por exemplo, a mulher de Noé; a mulher de Jó; a mulher de Pilatos, e a sogra de Pedro, nosso primeiro papa. Como elas se chamavam?
     
26. Não devo, porém, terminar, sem lembrar duas mulheres que sempre provocam polêmicas, quando recordadas: A Samaritana e a mulher adúltera. A Samaritana, no seu histórico diálogo com Jesus à beira do poço de Jacó. E a adúltera que, apesar do seu pecado, recebeu do Rabino uma solene absolvição: "Vá e não peques mais."
     
27. Também essas duas mulheres não tiveram seus nomes apontados pelos evangelistas que contam seus memoráveis encontros com Jesus de Nazaré.

     

     
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 29/04/2011
Reeditado em 17/10/2019
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