MEU MELHOR COMPANHEIRO

De: Ysolda Cabral  

 

 

 

Na tarde fria de um sábado terrivelmente triste, passei a recordar o meu tempo de adolescente quando em dias assim, saia de bicicleta a pedalar sem destino e sem descanso. Só voltava para casa quando a tristeza saia de mim levada pelo suor e pelas lágrimas.

 

Quando chovia, me sentia abençoadamente exorcizada dessa praga que nos ataca, desde que nos entendemos por gente.

 

Hoje, sair por aí pedalando, não iria dar certo, pois além de correr o risco de ser atropelada, correria o risco, também, de ser assaltada e, consequentemente, ter que voltar para casa a pé. Isto, nas melhores das hipóteses.

 

Contentei-me em ficar na janela do meu quarto, olhando a chuva lavar o asfalto...

 

De repente, “não mais que de repente” me lembrei do meu melhor companheiro: meu violão.