Homenagem e Gratidão a minha mãe!

_Há dezessete anos eu passava meu dia das mães em um bar bêbedo ou em um campo futebol, mas igualmente bêbado. Eu não sabia a importância desta mulher que fez mais que gerar-me.

Não me sinto careta ao expor meus sentimentos publicamente, prestando esta singela, mas merecida homenagem a ela, pois descobri que ela merece muito mais. Poucas pessoas têm o privilégio de poder descobrir o real valor de sua mãe, e se somos adolescentes então, bom nem discutir o assunto... Temos vergonhas de demonstrar o quanto amamos esta mulher tão importante para nós, achamos que estaremos sendo caretas ao amar publicamente nossa mãe.

Eu mudei, não penso que serei careta ao expressar meu amor à minha mãe, minhas mudanças são claras e visíveis, não me envergonho da condição que me encontro hoje, sou um cara bem resolvido. Se eu disser que não sinto falta de uma paixão, estaria mentindo, todos nós, independente de homens ou mulheres, precisamos de uma louca e desmedida paixão, algo que nos deixe sem fôlego, nos tira do prumo, mas não é sobre isso que vou falar hoje.

Eu sempre amei minha mãe e que ninguém duvide disso, mas como tinha outras prioridades ela não sabia do quanto eu a amava. Então, na manhã seguinte após meu acidente, ela chegou ao pronto socorro onde me encontrava. Mulher humilde e pouco esclarecida, nunca havia estado em um Pronto Socorro, ainda em pleno final de semana, e mais, no feriadão de natal. Finais de ano os hospitais da capital ficam sempre cheios de pacientes com as mais diversas de lesão.

Eu já estava deitado sobre aquela maca, há quase doze horas. Meu futuro era incerto, eu não conseguia mover nenhum membro, apenas meus olhos curiosos tentavam descobrir onde me encontrava e o que se passava ao meu entorno, mas a gravidade da minha lesão medular e um colar cervical impedia que meu pescoço girasse para olhar para os lados. Quando senti minha mãe se aproximando daquela maca, desejei ter morrido para ver o sofrimento em seus olhos... Como ela reagiria ao saber que eu não movia um músculo sequer?

Embora naquele momento o que eu mais desejasse era seu colo, eu não podia demonstrar fraqueza, eu sabia que minha mãe tinha uma saúde frágil e se desabasse, ela desabaria junto, então reagi e lhe disse com a voz embargada: “Mãe, a coisa não é tão feia quanto parece, veja, eu consigo mexer o braço!” ... E movi minimamente meu braço esquerdo, este que até então estava imóvel...

Naquele momento eu pude ver em seus olhos um brilho de esperança e gratidão!