JUSTIÇA OU VINGANÇA?
Proponho uma reflexão a respeito das delicadas fronteiras entre
a Justiça e a Vingança, que podem até serem coisas parecidas,
mas não são iguais. E, em momentos de tanta violência, a linha
que separa a Vingança da Justiça é muito tênue. Em momentos
que mexem com nossas emoções, devemos fazer um esforço pra
não confundirmos justiça com vingança.
A justiça é um valor universal, estando ao lado de outros valores
tais como a liberdade, solidariedade, a dignidade, a democracia.
Esses são valores sob os quais deveria estar edificada a civilização
em que vivemos. A Justiça tem normas, tem rituais, protocolos,
tem fundamentos vinculados a direitos, e quando ela é acionada,
ela se defronta com o princípio do contraditório, da legalidade,
da fragmentariedade, da humanidade, da culpabilidade, dentre
outros que devem ser respeitados.
Em que, de um lado estão os direitos individuais ou coletivos,
supostamente, violados, e de outro os direitos humanos dos
acusados. Nas democracias, essas normas, esses rituais, os
fundamentos e princípios, expressam a vontade e as escolhas
da coletividade.
A noção de Justiça é portanto uma noção ética fundamental,
sendo que por meio dela as relações são regulamentadas,
sendo que ela objetiva a preservação da Vida. E, para simplificar,
pode-se dizer que a Justiça visa o Bem, mesmo quando ela se
manifesta em forma de punição.
Todavia, a vingança visa o Mal, mesmo quando essa usa do
sistema judiciário para se satisfazer. Ela é inspirada pela
argumentação do olho por olho, toma-lá-dá-cá, aqui se fez
aqui se paga, que é freqüentemente nutrida por impulsos de
ódio, rancor e mágoa provocada por um dano que se julga
injusto.
A vingança é uma retaliação com objetivos essencialmente
destrutivos, a qual reflete um senso primitivo do que seja
justo. Não busca reconciliações, ou acordos, mas tão somente
fazer o outro experimentar um dano igual ou maior do que
causou, se esgotando facilmente, nunca se saciando plenamente.
Nós, muitas vezes, no ápice de nossas emoções, aproximamos
os conceitos de Justiça e Vingança, acreditando serem a mesma
coisa, mas, definitivamente, não são.
Então, a não ser que executem, sumariamente, todos os terroristas
(e outras muitas categorias de marginais miseráveis) existentes por
todo esse mundo. Sou obrigada a concordar com o filho do Osama
Bin Laden, Omar Bin Laden de 30 anos, que escolheu se afastar do
pai, não porque não o amava, mas, por sempre ter sido contra as práticas terroristas do próprio pai.
Mas, nem por todas essas práticas erronêas do pai, foi a favor da
forma de sua execução sem direito de defesa. Será que foi feito
Justiça ou Vingança? Será que a execução de Osama Bin Ladem
não foi um ato vingativo de prazer momentâneo, dando lugar a destruição e a um sentimento de causar dor intencional no outro.
Omar, assim como eu, acreditamos que se tivessem resolvido as
diferenças com o Osama por meio da justiça, Osama devia ter tido
seus direitos de ser humano preservados, deveria ter sido concedido
a ele julgado, condenado e ter tido a chance de ter cumprido a
pena, devidamente, a ele aferida. Será que não usaram com ele
o olho por olho, dente por dente, a Vingança?Estamos vivendo em
tempos em que as duas se confundem, se entrelaçam, se fundem,
mas, a vingança não é o melhor caminho para se findar uma guerra,
já, a justiça pode ser o caminho mais próximo.