As Flores

Houve um tempo em que as crianças se identificavam mais com as flores, eram parte do mundo delas. Hoje tenho saudades das flores da minha infância, o capim que não lembro mais o nome, de pendão vermelho com o qual enchiamos os travesseiros quando chegava o tempo da florada.

O muro de pedras no quintal da casa, repleto de plantinhas, plantadas pela minha mãe em panelas e latas velhas, e o enorme pé de sabugueiro com suas flores miudas em cachos e que servia também como remédio, chás e lambedores.

Na única chanela da casa de frente para a rua ela colocava um pé de onze horas vermelha para tomar sol pela manhã.

E tinha a casa de Dr. Artur omedico da cidade, a mais florida da minha rua com seu belo jardim na frente cheio de rosas brancas, vermelhas, amarelas, rosa graxa, rosa menina, margaridas, túlipas e amor-perfeito.

Houve um tempo que namoro era sinônimo de romantismo e os rapazes mandavam flores normalmente, nem era preciso estar apaixonado pela professora par manrar-lhe flores, ou sinplismente colocar uma rosa na mesa dela antes dela entrar na sala de aula.

Ainda povoam meus sonhos as flores da minha infância como, as flores super protegidas dos pés de barriguda, ou as indefesas florzinhas amarelas que cresciam na boca da cacimba, lá no fundo do quintal da minha casa.

Há! E tinha os canaviais que quando saia o pendão era porque já estava no tempo do corte, e formavam um estranho mar verde e amarelo a ondular nas encostas dos morros. As lindas flores dos ingazeiros que eram visitadas pelos bem-ti-vis, azulões e os enormes beija-flores, que chamavamos de tesourão por terem o rabo maior do que os outros.

O cartão postal da cidade era a praça do açude, que tinha um funcionario da prefeitura só para cuidar dos jardins, ela era o orgulho dos moradores e causava admiração nos visitantes.

Não espere chegar a primavera para dar uma flor a alguem, mesmo que esse alguem seja um desconhecido.

Quando você achar que nada mais nesse mundo vai te fazer sorrir, pense naquela florzinha pequena da pradaria que resistiu a tempestada, sorria de novo.