CONCLUSÃO PRECIPITADA
De: Ysolda Cabral

 

 

 

Noite de sexta-feira chuvosa e relativamente fria... Minha filha me liga, por volta das 19 horas, para me avisar que estava saindo do Shopping e que logo estaria em casa.

 

Fico tranqüila e continuo assistindo o pior filme da minha vida, '' Desejo de Ser Mãe'', cuja história se passa no Nordeste da Argentina, numa cidade aonde a ''Renda Per Capita'' vem da prostituição, venda de bebês e de órgãos humanos.

 

E é exatamente numa cidade assim que a protagonista do filme -uma farmacêutica, francesa -  esperava ''adotar'' uma criança.

 

O filme tinha tudo para ser bom, se não fosse tão sem ação e/ou reação...

 

- Lento que dava nos nervos!

 

Como não sei parar de ler um livro, por pior que ele seja, também não consigo parar de assistir um filme quando começo.

 

Estava nessa ''agonia'', torcendo para que alguma coisa acontecesse e que justificasse a bendita película; quando, novamente, o celular toca...

 

- Alôooooo!!!!  Atendo estressadíssima...

 

- Oi, mamãe! Veja, quando saí do Shopping, caí num buraco que estava ''escondido'' por baixo de uma poça d’agua e furou o pneu.
 
E agora o que faço?

 

Respirei fundo...

 

- Você está perto de algum posto de gasolina?

 

Estou!

 

- Está sozinha?

 

Não! Minha amiga Duda está comigo.

 

- Então ta!  Vá ao posto e verifique se tem alguém por lá que possa lhe ajudar.

 

Acionei o play, no controle, e continuei no ‘’tormento’’, na ‘’agonia’’...

 

Não deu cinco minutos ela ligou DE NOVO...

 

- Mamãe, no posto não tem ninguém que possa ajudar. Estamos aqui, porém em companhia de um casal que também caiu no mesmo buraco. (Pelo visto o único homem presente e envolvido na mesma situação, não sabia trocar pneu – conclui de cara.)

 

 

- Ok! Estou chegando... 

 

Ao chegar no local com minha irmã, já desci do carro dando uma senhora bronca em minha filha.

 

Neste momento o moço partiu em sua defesa...

 

- Minha senhora, eu também cai!!!  Sabe, não havia quem dissesse que numa pocinha daquela, houvesse um buraco tão traiçoeiro. Falou ele procurando apaziguar.

 

Caiu porque o senhor também não prestou atenção ou então vinha rápido demais pra desviar. Igualzinho a minha filha!  Falei sem titubear.

 

Passada a estupefação – deles – continuei... Se deixarmos os carros aqui, serão depredados ligeiro. A gente tem que trocar os pneus.

 

- O senhor não sabe trocar pneu?!!! Perguntei indignada...

 

Claro que sei!  Só não tenho macaco e nem chave de rodas. Respondeu-me calmamente.

Sua esposa, até então, não havia aberto a boca.

 

- Mãos a obra!  Falei,  abrindo o porta malas para que ele pegasse o pneu de suporte, macaco e a chave de rodas.

 

Eu,  peguei o triângulo e coloquei na pista, criticando por não terem feito nem isso.

 

Neste momento fiquei a me perguntar a razão dele não ter tomado nenhuma providência, já que era mais velho e mais experiente ...

 

Parecendo ter escutado meu pensamento, sua esposa se aproximou de mim e falou:

 

''Já estávamos aqui quando sua filha caiu no buraco. E, tão logo ela e a amiga desceram do carro, se aproximaram delas quatro rapazes mal encarados. Depressa, meu esposo mandou que elas entrassem no nosso carro e travou as portas. Eles foram embora e só depois é que fomos, com elas, até o posto de gasolina, para ver se havia alguém que pudesse ajudar. ''

 

Só muito depois, já em casa, é que  compreendi a atitude dele e o que ela quis me dizer...

 

Com a minha chegada, juntamente com minha irmã, e, com a chuva dando trégua,  a troca dos pneus foi possível de ser realizada.

 

Caso contrário, como ele iria proteger sua esposa e as meninas se estivesse trocando os pneus dos dois veículos?

 

- Que coisa feia, Ysolda!

 

*****

 

À Iolanda e Rui Rossi, meu agradecimento e o meu mais sincero pedido de desculpas.

*****

Destaque para os seguintes comentários:
 

20/06/2011 13:39 - Yauanna Cabral

Eita, sexta-feira ingrata essa, não foi? Mas, Graças a Deus há males que veem para o bem e esse casal super atencioso, também tinha caído no bendito buraco... Fiquei mais tranquila,por ver que pude contar com eles. E melhor ainda é você vir sempre imediatamente, seja de moto, seja como for. Sempre chega. Amo você e desculpa por às vezes lhe dar umas dores de cabeça... Hahahaha Beijos da sua filha, Yauanna.

 

20/06/2011 16:51 - Anderson Leandro

Elenco: Ysolda Cabral, Duda, Yauanna, Iolanda e Ruy Rossi. Película: Desejo de se esconder de ladrão. kkkkkkkk Crônica hilária! Lembrei daquele seu texto referente a uma boneca que parecia bebê de verdade. Conclusão precipitada acontece. Uma vez passei na frente de uma escola e pensei que estava havendo show de rock devido ao barulho. O evento na verdade, era um culto religioso.

20/06/2011 21:40 - Rui Rossi

Ysolda, foi um grande prazer ser um dos protagonistas de sua bela e bem humorada crônica. Estou dando gargalhadas aqui sozinho e, é claro, vou mostrar para todos os meus amigos a minha incompetência em trocar um pneu. Obrigado pelo empréstimo do macaco e da chave de roda. Fique tranquila, não precisarei mais te ligar quando cair num buraco novamente, pois já adquiri um novo macaco e chave de roda...rs. Sua sessão de cinema argentina, está garantida sem interrupções. ;)

Comentários que carecem de esclarecimentos:

21/06/2011 12:38 - A Flor Enigmática

Eitaa,amiga Ysolda,afinal que ajuda destes??rsrs fostes lá fazer discursos de mãe..??oras,aqui não passamos apertos assim,ligamos para o Pronto Socorro do seguro e rapidinho eles chegam e nos atendem..Lembrei com esta história de meu filho que ficou na estrada voltando de um show sem gasolina..esta foi a mais pura falta de atenção,mas acontece..não critico apenas tento agilizar problemas..Bjus\Flor**


21/06/2011 12:58 - Ysolda Cabral

Flor, Creio que seu comentário para a crônica acima, merece alguns esclarecimentos: 1.Temos seguro sim! Entretanto, com o trânsito do Recife e chovendo, daqui que o socorro chegasse, por mais próximo que ele estivesse, teríamos sido todos assaltados, no mínimo. 2. A minha ida lá, serviu para que o Rui soubesse que, ele não tinha macaco e nem chaves de roda, mas no carro de minha filha tinha. 3. E, se ele não soubesse trocar os pneus, eu trocaria e tiraria ambos da situação. 4. E, claro que, com mais gente no local, seria mais difícil algum marginal se aventurar. - Você não acha? Obrigada por sua atenção e pelos seus sempre gentis e inteligentes comentários. Um beijo, Ysolda Cabral

Em tempo: Minha casa fica a menos de cinco minutos do local do ''evento''. Portanto, nenhum ''SOS'' chegaria mais rápido que eu.(Risos)


Comentário recebido por e-mail do Luzirmil 
Em 21 de junho de 2011 19:56
Olá cara Ysolda. Gostei de ver sua "pronta ação" em socorrer sua filha as voltas com um pneu furado.Pude notar que a principio você não se preocupou muito com o caso. Entretanto,  depois de mais alguns comunicados, você deixou de assistir o "belo filme" e resolveu  ver o que realmente ocorrera com sua menina. Enfim você foi nota dez, cara cronista, pois  além de solucionar o problema, surgido a partir de  um  poço d'água inadequado, ainda nos brindou com esta bela crônica participativa. Parabéns e abraços do Luzirmil.

Luzir, com relação à sua observação - evidenciada por mim em vermelho - entendo que, nós, pais, temos que dar a oportunidade aos nossos filhos de se sairem das situações em que se ''metem'', ou pelo menos,  a oportunidade de tentarem. Se não conseguirem; aí sim, entramos em ação. E, foi o que fiz.