UMA AUTENTICA CENA CARIOCA

Braços abertos... lá estava (e sempre estará) o Cristo Redentor como que a recepcionar cada nascer e pôr-do-sol na Cidade Maravilhosa. Reflexos ultrapassavam os estratos cúmulos que impulsionados pelo sudoeste e o tímido sol, em poucos minutos não mais mostraria a sua face naquela sombria tarde e apenas a cidade do Rio de Janeiro seria iluminada por luzes artificiais, enquanto motoristas paravam nos semáforos e acionavam ensurdecedoras buzinas dos carros que tentam livrar-se dos intermináveis congestionamentos.

Mas, antes mesmo das luzes artificiais serem acionadas, o sol ainda refletia e podia-se se ver a sua grandiosidade...

No alto, não muito alto, uma folha de papel rubro negra fazia zig-zag descontrolada e, a cada instante, a mesma perdia altitude teimando em opor-se à resistência do ar mas, impossível... pois o chão se aproximava para aquela folha de celulose tão bem trabalhada por mãos humanas.

O sol e os estratos cúmulos tinham reduzido suas intensidades mas certamente estavam lá, apenas ocultos pelas verdes montanhas de Jacarepaguá...

O Rio de Janeiro... ah! Todo o seu cenário é uma obra de arte... tudo parecia estar por demais calmo até o momento que ouviu-se estampidos, pessoas assustadas... e gritos...

Resultado; lá estava um corpo no chão e alguém a chorar em brados...

E longe dali... A folha perdeu a pouca altitude que lhe restava...

De repente, uma motorista, assustada, freia bruscamente; pois cruzou à frente do seu carro um esquálido moleque e, sem se aperceber do susto que dera na motorista, sorri a erguer pro alto qual um “troféu”– a folha que acabara de pegar– e a gritar com um riso de felicidade nos lábios tão comuns aos cariocas:

– Tuanne, PEGUEI A PIPA!!!

carlos Carregoza
Enviado por carlos Carregoza em 20/12/2006
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