O Coração-Relógio

O velhinho contava os segundos, os minutos e as horas pelas batidas do seu coração. Era a sua grande distração, o que o mantinha ainda vivo. Gostava de compará-las ao tique-taque do antigo relógio de parede da sala. Tum-tum, tum-tum, tic-tac, tic-tac, tum-tic, tum-tac,... e assim passava os dias. Achava que enquanto o relógio da sala fizesse tic-tac, o seu coração continuaria batendo.

A família achava graça, diziam que o velhinho estava variando. E talvez estivesse mesmo.

Um dia, precisaram de dinheiro e resolveram empenhar o relógio antigo, por ter algum valor. Em silêncio, para não incomodar o velhinho, que dormia a sesta, carregaram o relógio para a loja de penhores. Ao acordar, o velhinho sentiu que havia alguma coisa estranha no ar... o silêncio na casa era total. Não ouviu o tic-tac do relógio. Alarmado, achou que tinha morrido e, com o susto, enfartou.

Ao voltar da loja de penhores, os parentes já o encontraram sem vida.

 

Moral da história: nunca se desfaça do velho relógio de parede da sala, sem antes avisar o vovô.

 


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Este texto faz parte do Exercício Criativo - O Relógio do Coração
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Gy Emygdio
Enviado por Gy Emygdio em 31/10/2011
Código do texto: T3308382