QUE ME VENHA O PRÓXIMO ANO

EU ESTOU VESTIDO COM AS ROUPAS E ARMAS DA PALAVRA

Mais vale uma pedra no caminho, do que duas no rim. A frase é sintomática e expressa bem as dificuldades da vida. Tudo pode ser contornado com maior facilidade quando não envolve a saúde, que é sempre uma dificuldade difícil (uma redundância cabível aqui).

Como eu estou bem de saúde, vivo, e ainda com força para lutar pelos meus ideais e idéias, mas atento e forte para enfrentar os desmandos, descasos, ocasos. Procuro estar sempre armado (de boas palavras) – com proteção divina e paz no coração. Sigo, assim, pisando em ovos, espinhos e calos, cutucando a ferida e os leões.

Acredito nos céticos e em deus, no socialismo e na anarquia, pratico capitalismo todo dia: vendo minha força de trabalho no mercado livre. Acredito na liberdade de imprensa, nas opiniões adversas, nas contradições e na crítica construtiva. Sou avesso à celebridades vazias, jogadores milionários e globais no geral – são temas que dispenso, mas gosto de gente, dos santos e divindidades, de bichos e de novas propostas políticas, do verde e da primavera, de política e poesia.

Pra mim tudo é vida e isto me basta. É como diz Alceu Valença, “se esta vida é um desmantelo, me mate que eu sou muito vivo”. Que venha o próximo ano e suas lanças e feras. Eu continuarei vestido com as roupas e as armas da palavra - que é como luto. Por mais vã que seja a luta, faço isso toda manhã – como disse Drummond.