as mulheres
Mulheres
Mulheres... Certas vezes me pergunto sobre o que nem Deus ousou explicar: A mulher.
Grandes homens, decidiram até mesmo nem ter contato com esses seres, temendo perder suas individualidades e é claro, suas cabeças, as de cima e as de baixo.
Eu suponho que, nós mulheres, somos seres inespecíficos, inexplicáveis e portanto, incompreensíveis...
Seria capaz de perder um dia e uma noite, exemplificando minha tese de que carecemos de explicação, mas tentarei ser breve, se é que isso é possível.
Somos seres que possuímos armários transbordando até o teto de roupas, mas nunca conseguimos uma peça, se quer, para um simplório jantar. Sempre, mas sempre recorremos a uma loja, na esperança de comprar aquilo que, com certeza, já esta lá. Mas, invariavelmente, só serve o novo, com etiquetinha colada. Ah, o doce sabor de arrancar as etiquetas com os dentes! Os homens não conhecem, somos nós quem arrancamos para eles!
Amamos o desconforto, principalmente nos pés! Vejam meu caso: comprei estes sapatos com gigantescos saltos- agulha, bicos finos e justíssimo, por nada mais, nada menos, que Trezentos Reais. Eles são zero em conforto, estabilidade, maciez, leveza, segurança e durabilidade. Bem sei que irei a uma festa e na volta, eles estarão sem os malditos saltinhos.
Mas mesmo ciente de que um par de belas havaianas me daria mais prazer e sairia bem mais barato, este pretinho longo, não seria nada sem eles. E por fim, sei que voltarei descalça, com os lindos sapatos pendurados nas costas.
E muito embora, eu e um milhão de mulheres, preferimos uma malha leve e rasgada, somos incapazes de não usar um pretinho muito, mas muito justo no corpo, tendo por baixo um espartilho dois números a menos, a fim de esculpir uma cintura de vespa! Quanto sofrimento voluntário e prazeroso! E tudo para causar inveja às outras.
E a maquiagem? Cara que só ela! Para que serve pintar a cara e ainda ter que combinar as cores? Qual o sentido antropológico disto?
Talvez seja por conta dos indígenas, mas que ninguém venha negar, que olhos bem realçados a poder de muito rimel e lápis preto, ficam lindos! E que uma boca carnuda bem pintada, é o que há!
E os três mil acessórios de que dispomos, que diferença faz! E o quanto pensam também! Os homens precisam sim de paciência, tanto para colocar, tanto para tirar. Montar e desmontar uma mulher é, sem dúvidas, um trabalho Hercúleo.
Só as mulheres e os simpatizantes ou aspirantes a sê-lo, sabem o que existe nos bastidores de um simples arrumar-se para um longo dia de trabalho. Um evento mais interessante, então, nem queiram saber!!!
Carregamos ainda o mundo nas costas e que ninguém diga o contrário! Filhos, marido, ex-marido, sogra, casa, escritório, aula de dança, pedreiro, desentupidor, supermercado, economias- tudo aqui, em nossos lapidados ombros de Deusas.
Isso quando não carregamos dentro da barriga, gerando por nove meses, aqueles seresinhos que só fazem crescer, chutar, causar náuseas, vômitos e desmaios. E quando, finalmente, resolvem nascer, pronto! Lá se vão os dias de folga, porque é chegada a hora das fraldas e mamadeiras.
Às vezes, me perguntava, por que será que Deus, em sua infinita sabedoria atribuiu o encargo dos filhos às mulheres? Hoje, sei que o fez, por mil razões; indisciplinados que são, os homens nunca tomariam pílulas e o controle demográfico seria pior! Seus filhos seriam esquecidos em banheiras e afins e por aí vai.
E ainda assim, cansadas e exaustas de nossas próprias exigências e das externas também, ainda temos orgasmos, e como! Múltiplos orgasmos vida afora! E mais, quando não satisfeitas, ainda os fingimos cinematograficamente, como belas atrizes que somos. E eles? Inteligentes que são, acreditam piamente que nosso revirar de olhos foi o êxtase!
É tanta energia que flui em um verdadeiro orgasmo feminino, que pasmem! As paredes da vagina soltam uma descarga de 244 mini volts- o suficiente para acender uma lâmpada de um volt. Pois é, a vagina de uma mulher consegue acender uma lâmpada! E ainda duvidam das mulheres!!! Daqui a pouco, com essa descoberta, não daremos mais luz aos filhos, mas ao mundo!
Ainda por cima, convivemos com progesterona, estrogênio e testorterona, tudo aqui misturado, feito salada. Nossos messes se dividem em três partes: dez dias queremos amar e trepar loucamente. Dez dias seguintes desejamos tão somente matar o próximo. E os outros dez que se seguem, choramos compulsivamente.
E vocês procuram saúde emocional nas mulheres??? Jamais, sustentamos os terapeutas, psiquiatras e terapias alternativas a pão de ló e caviar. Nossos hormônios divergentes não conhecem nem de longe o significado da palavra equilíbrio. Por onde entra hormônio, joga-se a paz!
Evoluímos, somos modernas, diminuímos os biquínis, subimos a saia, dirigimos tratores, contratamos garotos de programa, compramos vibradores caríssimos, vamos a swingues, mas ainda sonhamos com o único e tenro amor, aquele que venha nos arrebatar e tirar do chão, que dure até a morte.
Nada de ir morar junto, queremos casar, com véu e grinalda, dizer o sim no altar, nem que seja para separar depois de dois minutos, mas queremos o carnaval de cores que mais parece uma parada gay das cerimônias de casamentos. É o nosso dia!
Também continuamos esperando o telefone tocar no dia seguinte e a primeira transa dá um medo imenso de não agradar, isso não mudou! Ainda não!
Também não resistimos a um fusca parado na rua. Para que? Para olhar nossa silhueta. Eles têm vidros maiores!
E nossas insanidades vão além, uma pesquisa demonstrou que 76% das mulheres preferem ter dois mil reais para gastar em roupas todos os meses a ter quatro orgasmos por mês, portanto, um shopping é melhor que uma trepada!Nós os trocamos por vestimentas!
Futilidade? Também, mas profundidade demais leva ao hospício, por isso há tantos homens loucos! Não sabem a terapia das compras! Ou como acham que os agüentamos? Ou temos amantes ou fazemos compras!!!
Somos ainda aquelas que sentem dor, muita dor com plásticas e lipoaspirações, para no fim ouvir um mísero:- não mudou muito! Ou pior re-lapidamos todo o corpo nas mãos do cirurgião para depois jogar tudo na latrina, com uma bela gestação.
E por fim, somos os seres mais contraditórios do Universo, também culpa dos hormônios, pela manhã amamos intensamente e à noite odiamos também fervorosamente!
Mas uma coisa é certa, somos o que há de especial e mais engraçado nesse planeta em dias tão conturbados! E quem consegue viver sem uma ou várias mulheres? E nós confessamos: também trocamos nossos brinquedos sexo- recreativos por eles!!!
Escrito por Nina Barros-Ninethe
17/12/06
Texto encomendado sobre as mulheres e que faz parte da peça (ah, que isso elas estão descontroladas!).