Amores proibidos

     Quem na vida não tem ou já teve um amor proibido? Quero dizer, aquele xodó gostoso que, por isso ou por aquilo, nunca poderá ser revelado.
     Se você não tem ou nunca teve um amor escondido, é bom não facilitar: de repente ele pode pintar... 
      
     Nada de extraordinário. Figuras da política e da literatura brasileira foram flagradas vivendo um amor proibido.
     Assim aconteceu com Carlos Drummond de Andrade que, casado com dona Dolores Dutra de Morais, amava Lígia Fernandes.
     Assim aconteceu com Getúlio Vargas que, casado com dona Darci Vargas, amava (?) Virginia Lane.
     Assim aconteceu com JK que, casado com dona Sara Kubitschek, amava a linda carioca Maria Lúcia Pedrosa.
     Assim aconteceu com João Goulart que, casado com dona Maria Thereza, amava a estudante Eva Deléon Gimenez.

     Quanta coisa bonita já se escreveu sobre o "amor proibido" dessas ilustres figuras por mim aqui apontadas! Nada de condená-los ou criticá-los por seus relacionamentos extraconjugais. No amor, cada pessoa sabe perfeitamente o que mais lhe falta...

     Será que o velho Honoré de Balzac tinha razão quando escreveu que "é mais fácil ser amante do que marido..?"   E eu acrescento: é mais fácil ser amante do que esposa?

     A Editora Contexto acaba de entregar às livrarias Amores Proibidos na História do Brasil, um interessante livro escrito pelo jornalista Maurício Oliveira.
     Tudo que é proibido, aguça-me, aviva-me a curiosidade. Ainda mais quando é o amor que está envolvido nessa disputa. 

     Passando pela Saraiva, não hesitei em comprar o livro do Maurício.  Desistindo até de adquirir A vida secreta dos Papas , que procurava, fazia tempo.
     E já comecei a passear por suas páginas. Uma delícia! Ele me faz entender mais, muito mais, o porquê de outros amores proibidos que também fizeram história neste amado Brasil.
      Romances que envolveram Chica da Silva e João Fernandes; Dom Pedro I e a Marquesa dos Santos; Giuseppe e Anita Garibaldi; Joaquim Nabuco e Eufrásia Teixeira Leite; Lampião e Maria Bonita; Oswald de Andrade e Patrícia Galvão, a encantadora Pagu.

     Pela singularidade do relacionamento que existiu entre os dois, escolhi o Oswald e a Pagu para me ajudar e fechar esta crônica.
     Oswald, ainda casado com a grande pintora Tarcila do Amaral, apaixonou-se pela bela  Pagu, paulista do Brás, que frequentava a intimidade de seu lar.
     Ela era tão bonita que, lembra Maurício de Oliveira, o poeta Jorge Luís Borges tentou agarrá-la "cinco minutos depois de conhecê-la".
     E agora o mais curioso: em 1930, Oswald de Andrade casou-se com Pagu, em São Paulo. E querem saber onde? No Cemitério da Consolação.
     Assim Oswald registrou o momento do seu casório: "Nesta data contrataram casamento a jovem amorosa Patrícia Galvão e o crápula forte Oswald de Andrade. 
     Foi diante do túmulo do Cemitério da Consolação, à rua 17, número 17, que assumiram o heiroico compromisso."

     Estas e muitas outras estórias de amor proibido são contadas no livro do Maurício. Imperdível.
     E volto a perguntar: quem na vida não tem ou já teve um amor proibido, ou secreto, se preferirem, ainda que só em pensamento?
     Muitos dirão que sim, botando a culpa no destino! Ah! Só pode ser coisa do destino...  

 
     
     
     
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 13/04/2012
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T3610162
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