UTOPIA

Todos seríamos mais felizes se o mundo seguisse conforme os desígnios do Criador.

Desde o Paraíso que, o homem, com sua ganância e com suas perspectivas ilusórias de querer ser Deus, destrói tudo o que de mais belo poderíamos viver.

Igualdade, fraternidade, sem diferenças de classes, sem ricos e sem pobres. Utopia... Diriam alguns...

Evoluímos de maneira egoísta; nossa sociedade é dramaticamente incorreta. Nela, os cachorrinhos de madames, comem ração importada, comemoram seus aniversários com lindas festas e vão à caros veterinários, enquanto crianças, catam em seus lixos, os restos da ração, não sabem nem o dia do seu aniversário, e morrem nas filas dos hospitais.

Utopia... Uma sociedade de igualdades... Porque, utópico é o nosso coração, que diz que sente muito, mas nada pode fazer.

Cabe contar, uma história que corria nos encontros de casais, que participava em minha Paróquia. Todos os créditos ao autor, que desconheço.

Em uma pequena cidade do interior, um Padre, durante a Missa, em sua pregação, falava à comunidade, composta em sua maioria de pequenos proprietários rurais, da importância de dividirmos o que temos, com o nosso irmão menos favorecido, para termos uma sociedade igualitária. Quando terminou, quis saber se a comunidade entendera o recado e perguntou:

- Se vocês tivessem 100 cabeças de gado, o que fariam?

- Ah, seu Padre! Daríamos 50 para o nosso irmão e ficaríamos com 50.

- Muito bem – disse o Padre, e tornou a perguntar – E se vocês tivessem 100 cabeças de porco, o que fariam?

- Daríamos 50 para o nosso irmão e ficaríamos com 50.

- Muito bem, vocês entenderam, mas só para concluir, se vocês tivesse 100 cabeças de galinha, o que fariam.

Todos permaneceram calados.

O Padre, sem entender, retrucou:

- Ora, por que vocês dividiram os bois e os porcos e não dividiram as galinhas?

- Uai Seu Padre, porque o boi e o porco nós num tem, mas as galinhas nós tem!

E, é assim que funciona, dividimos muito bem o que é dos outros, mas, quando temos que dividir o que é nosso, a história é outra, os personagens passam a ser outros, e culpamos o governo e a nossa falta de sabedoria ao votar. Mas, esquecemos, que os governantes e os partidos podem mudar, mas, enquanto o coração do homem não for transformado, tudo permanecerá na mesma.

Vera Ribeiro Guedes