NO CRIME SEMPRE TEM VAGA

Ele caiu numa sela com mais vinte: trocou sopapos, caiu no pau-de-arara, confessou o que fez e o que não fez, suou sangue conheceu a cana dura e a lei do mais forte. Escreveu seu nome nos papéis que lhe deram, para não sofrer na carne. Enfrentou a piaba até onde deu, assinou cinco inquéritos de assaltos a mão armada, ficou com crédito - devia só uns afanos leves e nem arma tinha. Mas, não contabilizou arrependimento, era o que sempre desejou ser: bandido, capa do Notícias Populares.

Sofreu duas vezes na sela, com a malandragem pesada, afinal era peixe novo na roda, barbarizaram, fizeram dele a mulher do pedaço. Depois foi a vez dos "home" esticá-lo na maquininha de choque. Pela janelinha ainda viu as luzes da cidade. - Como era o mundo grande, cada um na sua casa, e ele ali sendo estourado pelos coturnos.

Pagou pau, mas ficou valente na prisão. Matou pra se defender e se impôs, ficou dono do barraco. Pelos desvios da lei conseguiu se safar e seguiu caminho do crime. Aprendeu todas as lições. Saiu armado de ódio e revolta, cresceu nas armas, fez nome nas rodas da vila pra onde voltou .

Tinha aprendido que na vida nada vem de graça. Pagou preço com vida, pagou os homens com grana, comprou deputado, daí morreu cedo: aceitou crime por encomenda, queimou como arquivo morto. Foi cedo, mas deixou cria: sete filhos, todos no mesmo caminho e escola: mais um monte na hierarquia do crime, na sua firma.

No crime sempre tem vaga, pra qualquer idade. Zona Norte. Sampa.