No caminho tinha uma pedra...

No meio do caminho tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra...

O passeio transcorre muito bem.

“Penso que chegaremos às 16 horas em Parati, então, vamos fazer uma parada de meia hora para almoçarmos. Pontualidade é tônica da viagem.”

Cibele alerta os passageiros com carinho e atenção.

Almoço rápido e todos retornam ao ônibus.

Sento ao lado de uma grande amiga e a conversa rola solta. Passa da poesia moderna de Drummond para os braços de Cronos, deste modo, a discussão sobre o tempo tão contraditório, por dirigir as nossas vidas, se estende.

“Cronos passa a matar e devorar nossos dias, como devora seus filhos. Tento não viver tanto em função do relógio, mas, os compromissos me impedem de me desligar totalmente!”

“Ana estou numa fase de alongar o tempo, de viver uma temporalidade espiritual, de viver o agora, com maior intensidade. Estou no tempo de Kairós, um tempo existencial, ou, o "tempo de Deus"”

“Estelinha, como ensinou Osho: a vida é aqui e agora. Estou sempre atenta a estas palavras que me ajudam a direcionar o meu dia-a-dia.”

Meia hora se passa e olho pela janela do ônibus e percebo um cartaz com o desenho de uma vaca preta escrito:

VACA PRETA CALABRESA COM QUEIJO

“Nossa! Parece que estamos parados!? O tal do cartaz da vaca não sai do lugar?!”

“Agora, que você percebeu? Estamos parados há mais de meia hora, para dinamitarem uma grande pedra que está no caminho!”

“Eita Drummond no nosso caminho para a Flip, o grande homenageado, já marca a sua presença com a pedra ou melhor uma “pedrona” no nosso caminho.”