EXCLUSÃO SOCIAL



Estava aqui pensando na falta que faz as muitas pessoas com quem tive o prazer, a alegria de conviver, que compartilharam muita coisa comigo. Só coisas boas, saudáveis. Com algumas compartilhava música, com outras bebidas, notícias, selos... Numa época de muita dificuldade tanto financeira, quanto de localização e ou comunicação. Hoje, com a economia aquecida se encontra bebida importada em qualquer mercadinho da periferia, qualquer música que se queira ouvir, é possível ouvir na internet, que se pode acessar do celular. Ouvir e algumas, até baixar. Do mesmo celular podemos ligar pra quem quisermos ligar, esteja a pessoa onde estiver, pois existem planos de ligação em todas as operadoras. Ah, e o termo compartilhar, hoje é que se usa! Naquela época era trocar figurinha. Mas aquelas "figurinhas" desapareceram. Alguns andam tão envolvido com seus cachorros, que esqueceram os amigos humanos, há quem queira alegar carência, mas não dou ouvidos a comentários tão estapafúrdios. Outros não tiram seus fones de ouvidos nem pra pedir informação, quanto mais pra ouvir um "ex" amigo. Quem não mudou de cidade, mudou o estado civil, mudou de hábitos, de gosto, de religião... Pra não fugir à regra, eu também mudei. Como ninguém me dava atenção, resolvi me excluir da sociedade e estou aqui neste minúsculo apartamento na periferia, sozinho (com um detalhe: ouço a música que o meu momento exigir, sem aqueles fones incomodando os ouvidos e me proibindo de ouvir o que se passa ao redor. E não preciso me preocupar em levar cachorro, ou cachorros, pra fazerem suas necessidades nas calçadas, nas praças, nos canteiros e largar os dejetos lá mesmo), tentando ser escritor.


S. Paulo, 16/08/2012

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CORDEIRO de ITIÚBA
Enviado por CORDEIRO de ITIÚBA em 16/08/2012
Reeditado em 02/09/2012
Código do texto: T3833139
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