PINGO É LETRA E BESTA É COCO.
Por Carlos Sena


 
Se pingo é letra para o bom entendedor égua não é besta. Besta é coco que dá o olho pra furar e ainda deixa que o povo beba sua água. “Besta é eu e besta é tu”, segurando o rabo do tatu. Em cada pingo uma letra, em cada ponto um conto de quem aumenta. Quem quiser que conte um conto porque no vôlei se conta um ponto. Ponto bom quem pode dar é o médico, ou não? Há médicos que nem isto faz, porque não são bons entendedores do ofício que se dizem ser, por isso não contam ponto. No contraponto dessa odisseia cotidiana, cantar é mais salutar. Cantar um canto de esperança. Cantar no canto do mundo ou ao léu sempre que por perto houver homens de boas vontades. Cantar uma ode ou um pagode. Cantar para quem sofre ou pra quem só morde. Cantar a esmo sentindo a vida percorrer as notas afinadas e desafinando as notas semitonadas da violência que pede clemência...
Se pingo é letra, há de haver bons entendedores de pingo. Algo como “para o bom entendedor meia palavra basta”... Se pingo é letra, escrevo com ele os mistérios da vida tão subtraída de essência. Se pingo é letra, quero fazer do sábado terça. Fazer um domingo pra quem pede cachimbo – preguiçoso domingo que na rede embala sonhos dos notívagos inveterados, porque hoje não é sábado.
Se pingo é letra, Brasil é tetra – tetra em analfabetismo, em violência, em corrupção campeã, porque nesse quesito pingo é pingo, lingo é lingo. Por isto não desisto: se pingo é letra para o bom entendedor égua não é besta... Besta como disse é o coco que dá o olho pra furar e ainda deixa que lhe bebam a água...