Herança

Tudo bem! Família unida ao redor da mesa. Mesa farta! Família de descendentes de italianos... fala mais que a boca e fala com as mãos! Alegria! Amizade é o ponto alto entre pais e irmãos. Vez ou outra... um dos meninos ia pegar guaruzinho no ribeirão, a mão feita peneira. Os peixinhos corriam na palma da mão fazendo cócegas. O rabinho tinha uma mancha vermelha e dava um ar de beleza própria, naquele peixinho sem graça.

Angelina acocorada na beira de uma das margens olha e grita..., voz de criança sofrida pelo que vê: “Larga os peixinhos menino doido!”

“Não vou matar, Angelina... tô brincando... vá embora ou venha pescar, também!” A vizinha o deixava em paz.

Plantação de algodão leva todos para a colheita... a fofura do algodão é ilusória os seus espinhos machucam... o céu coberto de nuvens... Rubens, deitado conta os bichos... aquele é um macaco... o cavalo está sumindo está virando um cachorro... “Menino volta pra colheita!” Voz firme do Ângelo, ele sorri ao ver o filho rolar solto na imaginação! Na sua infância, na região de Vêneto procurava animais nos céus!

Longe, o negror sobressae na plantação, o guarda chuva cobre seu rosto cansado. Na marmita de cada um; polenta, ovo, torresmo e couve picada! “Irene coma tudo menina!” Mama vinha carregada de marmitas, sentada na carroça puxada por um pangaré acastanhado de focinho esbranquiçado...

Aqui neste ponto da escrita leitor, faço uma pausa para contar: o menino mais velho, adolescente, responsável pelos irmãos e pelos pais sentia uma alegria ao ver o guarda chuva da mãe... “Objeto útil, amigo inseparável! Faça chuva ou sol ele esta junto. Parece fazer parte do braço da mãe!”

Doutor aparece no sítio... noite alta... choro, gritos, choro...”Infelizmente, não pude fazer mais nada Ângelo!”

Com a morte da mama o filho mais velho herdou a cozinha e todos os afazeres da matriarca.

Sol a pino... o pangaré vai chegando... O guarda chuva assombreia o rosto do menino mais velho... Parece fazer parte do seu braço!