A LUA FALTA UM PEDAÇO.
Por Carlos Sena.


Para Luyz Karlos M.


Todo mundo é bom, mas a lua falta sempre um pedaço. Todo mundo sempre diz que não gosta de fofoca, mas gosta. Todo mundo diz que não é preconceituoso, mas é. Todo mundo se diz não ter nada contra gay, mas tem. Todo mundo diz o que quer do que quiser, pois essa é uma prerrogativa de quem tem boca. Não se deve esquecer que “coração é terra que ninguém anda” e é aí que mora o perigo. Porque nem todos aqueles que dizem “Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus” – Jesus Cristo. A antítese disso é que são as atitudes quem dizem do que somos capazes de ser e fazer, muito mais que as palavras.
O mundo moderno é um mundo de Marketing. Algo tipo: “não basta ser honesto, mas também parecer honesto”. Todo mundo hoje se preocupa com a imagem – estabeleceu-se entre nós uma verdadeira cultura do corpo, da estética, da imagem. Nada contra quem se cuida e quem gosta de ser bonito, quem tem imagem. Tudo na vida tem um preço e um limite, mas nem sempre o preço de algumas coisas acompanha o limite delas diante da ética e da relação CUSTO X BENEFÍCIO.
Por isto é importante que as pessoas não se deixem levar pela moda. Viver em sociedade é participar, interagir, mas não é ser rótulo, embalagem, imagem, apenas. Talvez seja esse o foco que o Marketing não ajuda a fazer, pois de nada adianta, por exemplo, ter um corpo sarado, ser bonito, dominar redes sociais, passar por “chic” e ser uma pessoas sem condições financeiras para frequentar as altas rodas sem se violentar. Quando o corpo sarado chamar atenção das meninas e dali rolar um namoro, imaginem o drama e o possível constrangimento quando a “namorada” descobrir que seu pretendente é um “pé rapado”?

Assim, se todo mundo for bom, a lua continuará sempre faltando um pedaço. Tenho um amigo que costuma dizer isso de outra forma: “é muito bom ser frango com o “C” dos outros. Por isso, no quesito preconceito, é temerário conviver com esse tipo de gente hipócrita – verdadeiros fariseus que vivem aí disseminando esse “câncer” da alma que é o preconceito. Tomando por base o que consideramos do preconceito o maior deles que é o contra os GAYS, algo deve estar errado nessa construção: a) Não há como entender que duas pessoas do mesmo sexo que se amem provocam tanto mal a outrem? Primeiro: se nessas relações houver algum mal não afeta a ninguém; Segundo: quanto mais gays masculinos houver, mais sobram mulheres para os homens e quanto mais mulheres gays houver mais homens vão sobrar para as que ficarem sem. Sem maiores delongas, preconceito é isso: uma coisa preestabelecida em função de problemas que estão mais fora do que dentro das classes vitimadas por eles. Quem precisaria de psicanálise? Menos os gays e os diferentes, de modo geral, em minha opinião.

Luyz Karlos M. é um leitor do RECANTO que se diz meu fã. Ele me pediu uma crônica autografada, mas eu não sei como fazer isso eletronicamente. Assim, ao “escrevinhar” essa crônica, lembrei-me dele com imenso prazer e faço da dedicatória acima, a minha forma de autografá-la.  Obrigado, amigo. O prazer de quem escreve se redobra diante do retorno dos amigos leitores que são, geralmente, generosos.