Aquela menina de tranças

Faz tempo, bastante tempo, saí de dentro de mim, marcando meus passos pelas calçadas da vida, andando ruas desertas, sem parar diante das vitrines da fantasia e ilusões, a espera de um Conto de Fadas. Meu olhar castanho, inquieto, deixo pousar nas imagens iluminadas que desenho para o meu futuro, coordenando as linhas do viver para na arquitetura da vida e na engenharia do destino, manter-me, firme e determinada, equilibrando-me, no tênue fio de arame, entre a menina de tranças e a adolescente que harmoniosamente, apesar do tempo, ainda convivem comigo, hoje, adulta, mulher,mãe e avó...

Com estes propósitos, todos os dias, de casa saia. E vejo-me, atravessando a Praça, passo firme, na arrancada da carreira profissional que abraço e nela me realizei. Determinada, os degraus da Faculdade subia, quando, em uma manhã de março, no intervalo, entre uma e outra aula, no "Cafezinho de Dona Zefinha" ali bem perto da "Mesa de Ping-pong" um cigarro acendo e, ao erguer de leve a cabeça, fui por dois olhos castanhos brilhantes, literalmente, fulminada, quando de mim, um isqueiro, o belo par de olhos castanhos brilhantes, precisava:... "obrigado, até logo, a gente se vê.." E, o encanto daqueles olhos castanhos brilhantes, por incrível que pareça, me seguiram, na volta para casa. Com o tempo, ficaram comigo... e, em mim, minhas entranhas, iluminaram, invadiram a retina dos meus olhos e, em minha alma deixaram, mais, uma luz...

O ano letivo passou. E, nossos olhos se tocaram na ilusão de um amor platônico que, em mim, com o passar dos anos, florescia e, seus frondosos galhos e profundas raízes, pouco a pouco, iam minando os alicerces dos meus planos na edificação, da minha vida. Com o passar dos anos, acumulamos raros encontros ocasionais, esporádicos e "bate-papos" informais. A vida, pela vida, nos conduzia. Dentro de mim, parecia quebrada a promessa, que a mim mesma, solenemente, um dia fizera: NUNCA ME APAIXONAR COM A INTENSIDADE DE UM AMOR ADOLESCENTE! Mas, o amor, tomou posse de mim! O brilho daquele olhar castanho, anda comigo pela minha vida. As vezes, até, me incomoda. E aquela, que imaginava ser uma heroína, para si mesma, se atrevia a traçar normas: "CALMA, VOCÊ VAI SUPERAR E LEVAR DE VENCIDA ESTE AMOR!" Ledo, engano, nos portais da minha vida, há décadas, este amor pontifica!

Aqueles, dois olhos castanhos brilhantes, com o passar do tempo, naturalmente, perderam um pouco do seu brilho. Mas, o encanto, a ternura, a crueza da vida e, a distancia que se estendeu entre nós, não foram capazes, de mudar nada, em mim. E, este amor, fica em nós. Hoje, ao olhar pelo retrovisor, os muitos caminhos por nós andados, as lembranças, como plumas, flutuam sem qualquer amargura, amaciando as pedras das nossas estradas de hoje e do amanhã... e na perseverança do caminhar da vida, vou levando este amor por onde a vida me levar.... simples, assim...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 06/02/2013
Reeditado em 21/07/2015
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