Um amanhecer de 70 anos

O amanhecer deste primeiro de outubro de 2011, as 5:35 horas, comigo se encontra na Duque de Caxias, completamente vazia. Um sol. ainda tímido, reina no mais azul de um lindo céu de anil, que minha cidade adorna... Deixo o carro na esquina da Assembleia Legislativa, atravesso a rua, chego a Praça João Pessoa. e ali, só mais alguns passos, diante de mim, o Prédio da antiga Faculdade de Direito da UFPB.

Na calçada da Faculdade, quase parede e meia com o Palácio da Redenção, até pensei, em sentar ali, naqueles velhos e antigos degraus. No rosto, acolho os raios de sol que, a fachada da Faculdade ilumina.E, passo a passo, pela extensa calçada, do Palácio da Redenção vou andando, até a esquina do velho Pavilhão do Chá, envolta pelas lembranças. E assim, um leve sorriso timidamente, vai se desenhando em meus lábios, enquanto continuo a minha viagem, recordando, um fato que, me deixou marcas, naquele, então jovem coração e sonhadora alma. As lembranças, são tão vivas, que a mim, tudo, parecem, reais...

Naquela manha, há décadas, saia de uma prova final.Tensa, degrau por degrau descia a escada que, nos leva a um espaço pequeno e acolhedor: Alguns bancos, uma Mesa de Ping-Pong e, a Cantina de "Dona" Zefinha. Sento-em, peço um cafezinho, acendo um cigarro. No segundo banco, colegas em um o " pate-papo" descontraído. enquanto, jogo fumaça fora... e nem percebo que de mim, vem se aproximando, um belo par de olhos castanhos brilhantes... chega perto, cigarro na mão, de um isqueiro, precisava. Cigarro acesso, fica por ali por perto e, de vez em quando, me fulmina com aquele olhar castanho brilhante.

Aqueles olhos castanhos brilhantes, tocaram meu ser, plantaram sementes nas minhas entranhas, fazendo cativo meu coração. Pela vida Academica afora, nossos olhos, se fizeram parceiros confessos, do nosso ideal, profissional.E, o amor, quieto, silente, talvez, por capricho do destino, até hoje, aquele amor de ontem, é um coitado, pobre carente, revivendo instantes, conduzidos, pela mão da saudade que em nós, se agasalha, ainda.

E, naquela manhã, há décadas, bem perto de mais um meio-dia, saindo da Faculdade, ganhei a Praça. De um carro estacionado uma musica se ouvia, embora, hoje, não posso atestar, se de uma Estação de Rádio, ou de uma "Fita Kasset" que dizia," ...a mesma Praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim, tudo é igual, mas, estou triste, porque não tenho voce, perto de mim".

E agora, mais de 40 anos depois, dando uma volta pelas minhas lembranças, aqui estou, na mesma Praça e, no interior do carro, faço tocar um CD. A mesma música é a quinta faixa ..."A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO, AS MESMAS FLORES,O MESMO JARDIM,TUDO É IGUAL MAS, ESTOU TRISTE, PORQUE NÃO TENHO VOCE, PERTO DE MIM".

Olho ao redor, tudo parece igual, nada ou quase nada mudou.até você, continua longe de mim. E, deixo-me ficar no banco do carro recostada.Lagrimas, doces e salgadas, pela minha face me renovam as energias do passado.

Hoje, mais uma tranquila manhã, graças a Deus de primeiro de outubro de 2011, estou na mesma Praça... faço a comemoração, por enquanto, neste momento, só minha... destes meus, 70 anos, de muito trabalho, de fé, esperança e amor! Mulher, mãe e avó. profissional realizada, hoje na mesma Praça, estou, pela saudade guiada.

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 13/02/2013
Reeditado em 17/10/2016
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