Apenas, uma mulher

Pelo mundo dos Foruns da vida, consolei almas aflitas, renovei esperanças perdidas, acalentei desenganos,enchuguei lágrimas de sangue, emprestei o ombro da então, ainda, jovem Advogada de Defesa e foi em uma das Comarcas do nosso Estado, da capital distante alguns 98 Kilometros que, no ano 1971, entre oito e nove de uma manhã de maio me chega ao Forum, uma jovem mullher, com um criança pela mão..ao vê-la, me aproximo, trazendo nas passadas meu coração apiedado, pois, esta jovem mulher, ao me ver indo, ao seu encontro, em lagrimas, se debulha.

Uma Escrevente, solícita lhe oferece um copo d`água e, um dos Oficias de Justiça, a faz sentar-se, na cadeira mais próxima, e assim, acolhida pela solidariedade, acalma-se. Diante de mim, é apenas uma mulher que desfila seu sofrer,sem o menor constrangimento, pela passarela da dor que lhe atormenta vem buscar no colo da Deusa da Justiça, alento, para seu sofrer e, com altivez, revela as aflições que em sua alma carrega, sem encontrar repouso para o seu cansaço.E, ali no Forum, diante da então jovem Advogada de Oficio, encontra atendimento para o seu SOS, divisando, no fim do túnil, uma luz,sinal de que,um dia, aquele pesadelo acabe.

Em em silencio, espero, o momento exato, em que, o inferno astral que sobre ela se abate no confronto com a esperança, lhe traga alivio ao desespero que lhe arrbetenta as entranhas e, lhe conceda uma pausa. E, os minutos a passar, vão tirando o peso desta angustia maldita que lhe pesa os ombros, vai acalmar -lhe o coração e desanuviar a sua alma. E, a confissão, vem, em uma voz, pausada, quase tranquila: " matei o homem que eu amo e pai da minha filha"...

Hoje, não mais se faz segredo de pai, irmão, amigo e até avô pedófilos, o que, há quase cinquenta anos passados era um segredo amordaçado e vergonhosamente mantido e, a sete chaves guardado. Mas, aquela mulher, em Defesa da sua prole e dos frutos da sua entrega, do seu amor, marca, uma Era, um tempo, em uma sociedade, até então hipocrita e conivente com as praticas de abuso sexual a menores, que hoje, graças a Deus vive, as escancaras.

Mas, a Deusa da Justiça, também, é mulher... e uma frase daquela mãe desesperada que, vem ao encontro daquela ainda, jovem, então, Advogada de Oficio, ambas enfrentaram a Justiça dos Homens e, absolvida, foi e saiu livre, pegando a mão da sua filha, então com oito aninhos, e encontraram abrigo nos braços de uma Instituição Educacional, que garantiu estudos a filha e, empregou a mãe, como faxineira do Colegio, assim, contribuindo para uma vida nova e digna, deixando a jovem, então, Advogada de Oficio, hoje olhando para si mesma, conclui, com a expereincia do passar do tempo, ser cada uma, no palco da vida e individulamente, no desempenho da missão de cada uma, o veredictum de que são, cada uma de nós, apenas uma mulher...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 18/02/2013
Reeditado em 21/07/2017
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