A senhora tristeza

Nesta noite de seis de dezembro, o céu, que a minha cidade contorna, mais escuro, a mim parece. Até a lua que, o céu da minha cidade adorna, de tristeza, nesta noite, é só metade. Enquanto olhava a noite, um vulto de mulher, vejo passar, em total desalinho, correndo pelas ruas da minha cidade. Em cada Praça, cada jardim, cada cantinho por onde passa, suas lágrimas escorrendo vejo, pelos becos e ladeiras da minha cidade. E, na Fonte de Tambiá, um rio de lagrimas desce, inundando calçadas, azulejos e ladrilhos da minha Cidade Baixa. As águas do Rio Sanhauá com as da Fonte de Tambiá, se encontram, e por toda noite, pela dor ungidas, navegam, um rio de águas turvas...

Aquele vulto de mulher se debulhando em lagrimas, é simplesmente, a Senhora Tristeza, que pela dor abraçada, caminha. A estréia dessa madrugada a encontra, impiedosamente, abandonada, perdida e vagando, também pelas areias da Praia de Camboinha. Em meio, da madrugada a minha cidade é, pela Senhora Tristeza contaminada. As palmas das antigas Palmeiras, da Lagoa do Parque Solon de Lucena, na comunhão da dor, vão pelo vento levadas e chegam as folhas das velhas Gameleiras da Praia de Tambaú sendo pela brisa mar acalentadas.

Finalmente, a minha cidade, é pela Senhora Tristeza sitiada. E nesta dolorosa madrugada de incontido pranto, pela engrenagem da dor retorcida, a minha cidade, faz uma invocação a Deus e, como um milagre, para o nosso consolo, e antes. que esta fatídica madrugada acabe, no céu, da minha cidade das Acácias, uma nova estrela, no alto do CABO BRANCO, aparece.

(Esta cronica, é uma homenagem postuma, ao meu querido colega e amigo de muitas décadas Luiz Augusto Crispim: Advogado, Jornalista, Escritor, falecido no dia 6 de dezembro de 2008)

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 20/02/2013
Reeditado em 05/01/2016
Código do texto: T4150308
Classificação de conteúdo: seguro