Período vago

Manhã e o sol manso. Calma de pasto e vaca. A pele cítrica vaga pela paisagem suavemente fria. O Sumo Pontífice foi embora e ainda não voltou. Outro terá que buscar o seu espaço para nutrir de fé o teatro do mundo.Na cozinha o rádio ligado não fala de outra coisa. Vivemos o tempo do período vago, muito vago, sensualmente vago. Lânguido vazio, e langoroso, algumas vezes julgamos possível ver o sol nascer no ano três mil, quatro mil, cinco mil. Sensação boa, inigualável. Buscamos essas expansões entre sinais no período vago.

Em seguida notificamos o desejo imediato da magia elementar. Sermão da natureza bela, ideal voando na flutuação de cada aurora.

Vamos até a escola. Há outra escola de período vago em que o trabalho é árduo. Para tanto vamos refrear nossa ambição de tudo. Vamos moderar nossa capacidade de crescer o amesquinhamento. Vamos permitir cada vez mais liberdade à capsula individual da democracia. Tratar com alimento de boca as novas determinações. Na suma vida comum feita de santos desconhecidos se desdobram chamados pelos apelos das ruas.

Nós modernos compreendemos o velho tempo. A televisão compreende o mundo. É guia de mundo. Numa olhada vemos toda televisão humana durante o gigantesco mundo vago. Pode parecer insuportável, mas como é lindo o tempo vago! Bate cada coração em seu templo no coração dos desalmados Por alma sabe-se da renúncia boa, boa, boa, muito boa.

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