A moça da janela

Na tranquila cidade, plantada no alto da Serra, a mais de 1.200 metros acima do nivel do mar e, que o destino lhe deu como morada, a rotina da jovem e bela professora, era uma só.Pela manhã, cabelos compridos, olhar brilhante, da cor da esperança. Um discreto batom, realçava os finos traços, da sua boca bem talhada. Assim, marca suas passadas, pela Praça da Igreja, caminhando sua jovem silhueta, em direção ao Grupo Escolar, onde lecionava.

A professora, muito jovem, poderia ser confundia com uma bela normalista a conduzir nos braços, alguns livros e cadernos, enquanto mentalmente revisava a aula daquela manhã, e nem se dava conta do "toc... toc" do "salto Luiz XV",que ditava o ritímo do seu apaixonado coração.

A alegria das crianças, já fazia parte da sua vida. Com carinho, empenho e dedicação, meninas e meninos, ia alfabetizando.O seu jeito maternal, conquista o amor das crianças, a simpatia dos pais, a confiança da Diretora, e o repeito das colegas de Magistério.

Ao cair da tarde, quem pela Rua Grande passasse, encontrava a jovem professora, na janela da sua casa. Ali, ansiosa esperava o "estafeta" dos Correios, que em qualquer dia da semana, no máximo, de quinze em quize dias, uma esperada carta, nas suas belas e jovens mãos, deixava. Em seu quarto, em uma das gavetas da escrivania, as guardava com carinho, e naquele ano, dezoito, faziam parte, da inestimável coleção.

Alguns meses são passados. E, quem pela Rua Grande andasse, na sua janela, ausência era notada. Não mais, o "estafeta" fazia entrega, das tão ansiosamente esperadas cartas, que das suas mãos, perderam o caminho.

Assim, sem ter porque, todas as tardes a janela de sua casa ficar, decide fazer companhia a senhora sua mãe ali sentada ao lado da espreguiçadeira de Dona Albertina, participava da "terapia" do "crochet" e confecção de "bicos" e "rendas", pondo em prática, a habilidade de suas joven e belas mãos, aumentando a produtividade, do trabalho de sua dedicada mãe.

Os amigos, colegas, vizinhos e conhecidos, com o passar dos meses, notam que uma tristeza muito triste começava a fazer parte da vida daquela bela, saudável e boa moça. Na verdade, uma núvem de incerteza, ia aos poucos ofuscando o encanto daquele brilhante olhar castanho era muitas vezes, flagrado fitando algum ponto perdido no cume da serra até onde a vista alcançava. O riso fácil que em suas bonitas e delicadas feições costumava brincar no seu rosto, foi muito além daquelas terras> Pegou carona, nas asas de algum passaro forasteiro, desceu a Serra, sumiu, e nunca mais voltou.

E, a jovem e bela professora, foi tocando a vida ao sabor

dos desencantos de um amor perdido,sem qualquer explicação.Mas, altivamente, aprendeu a conviver com as suas perdas, não, mais é escrava da tristeza, nem cativa de lembranças e saudade, tão pouco se permitiu ser, na sua vida, refém, da solidão.

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 10/03/2013
Reeditado em 15/02/2015
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