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O JEITINHO FEMININO
Ysolda Cabral
 
 
Minha tia avisou ao marido que precisava de outro fogão. Ele pegou o saxofone e tocou uma canção que havia composto pra ela na madrugada daquele dia. Ela adorou e  sorrindo lhe deu um beijo agradecido, lembrando: precisamos de um novo fogão...  

Dias depois ele chegou e lhe pediu o almoço. Ela, toda carinho, comunicou que havia colocado o fogão na calçada e que o caminhão do lixo acabara de levá-lo. E observou: "Sem fogão, sem almoço!"  Ele sorriu, fez-lhe outra canção e logo providenciou um fogão novo.

 
Em seu guarda-roupa havia vários ternos novos, bem bonitos e bem caros, porém nunca usados, bem como vários sapatos. Certa ocasião, estava a minha tia no terraço de sua casa quando um pedinte se aproximou e, do portão, perguntou se ela não tinha uma roupinha pra lhe doar. Ela mais que depressa lhe disse para aguardar um minutinho. E lá se foram todos os ternos novos, nunca usados, do meu tio.  Notando o vazio no armário, perguntou pelas roupas. Ela respondeu que estavam com quem as usaria pra sair e passear. Ele sorriu, compôs -lhe outra canção e a levou pra jantar, com as roupas velhas.
 
Todos esses fatos ela nos contava no último domingo e ríamos muito, até porque lembramos que mamãe fazia o mesmo com as roupas de papai e eu, também, com as do meu ex-marido. Foi quando notamos a esposa de meu irmão sair de fininho... Meu irmão, mais que depressa, olhando feio pra nossa tia, censurou: "Você não tinha outro assunto?"
 
Ah, nós mulheres! '' Conosco ninguém podemos!''

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Eis que recebo, surpresa, alegre, feliz e rindo a valer, a interação do poeta Oklima, que mais uma vez me visita e dá mais vida aos meus escritos. Seja sempre bem vindo!
 
 
 
  
ENTENDA AS MULHERES!
Odir Milanez

 
 
A minha esposa entenda quem quiser.
De decifrá-la há muito abri a mão.
Ontem, no almoço, os pratos e o talher.
Para o lixo mandou nosso fogão!
 
Meus ternos novos deu para o chofer.
As meias e as cuecas de algodão
cedeu para um pedinte, um esmoler,
pois delas eu não tinha precisão.
 
Tudo porque, de tanto trabalhar,
chegando em casa morto de cansado,
não saía com ela pra jantar.
 
Mas hoje a surpreendo. Reservado,
vou com ela a um resort à beira-mar,
cueca, roupa, tênis, tudo usado!
 
 
JPessoa/PB
18.06.2013
oklima
 
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Sou somente um escriba
que ouve a voz do vento
e versa versos à vida...