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DEIXA COMIGO!!!
Ysolda Cabral  

 
Sabe quando a tristeza e a alegria se encontram, se encaram, se medem e se perdem uma na outra para guerrearem dentro da gente, deixando-nos fora do controle da situação? Esquisito isso, não é? Mas foi exatamente isso que me aconteceu na última sexta-feira. Por um lado, eu estava terrivelmente triste e, por outro, excepcionalmente alegre.

"Como isso era possível?" - Conjecturava eu sobre este fenômeno, enquanto tomava um lanche num Shopping próximo à minha residência, quando uma garotinha se aproximou e puxou conversa tirando-me da reflexão filosófica, psicológica, ou sei lá qual!... 

Começamos a conversar com a maior facilidade, como se a gente  se conhecesse há longo tempo. Ela, linda, muito vivaz e risonha, conquistou-me de imediato. Logo se juntou a nós seu irmão (uns seis anos, aproximadamente), fazendo tudo para chamar minha atenção. Fiz de conta que não estava percebendo, atenta, porém, à sua reação. Infelizmente, alguém chamou a mãe deles e lá se foram todos para não sei onde. A princípio fiquei desapontada com o Tempo - que não me deixou dar atenção ao garotinho, do meu jeito e à minha maneira, levando-o embora com a pior das impressões a meu respeito.

Eu apenas queria ter tido a oportunidade de brincar com eles e esquecer o embate intimo que vivenciava naquele momento; mas o Tempo, esse cruel, reticente e incompreensível deus, não havia me dado a menor chance.

Retornei às minhas reflexões sobre a batalha que acontecia dentro de mim, quando percebi que haviam voltado. Com o intuito de me redimir, mais que depressa o chamei. Desapontada, percebi que ele já não me dava a menor atenção. A mãe deles, percebendo o meu desgosto, aproximou-se e disse que seu filho havia lhe perguntado se eu era a ''presidentA” Dilma!!!

Parei e a fitei, perplexa , indignada com a resposta que ela certamente lhe dera e pela sua insensatez! Juro que eu não me importaria de ser Dilma ou o dinossauro mais horrendo da pré-história, ou a deslumbrada dondoca da Fátima Bernardes! Naquele momento, se essa fosse a maneira de ter novamente a atenção do menino, tudo estaria dentro dos conformes.

Quase sem voz e empertigada, tal qual um general mais ou menos reformado, fui até ele e lhe perguntei se  seria capaz de guardar um segredo. Respondeu que sim. Então eu lhe disse, cochichando ao seu ouvido, que era a ''presidentA'' Dilma, de fato!  E disse ainda para me chamar de Ysolda, para ninguém desconfiar. Caso contrário eu não poderia brincar de "faz de conta", brinquedo que eu adorava por criança ainda ser.  Só que ninguém sabia e nem deveria saber quem verdadeiramente eu era. Ele sorriu para mim e, feliz da vida, falou:

- DEIXA COMIGO!!!