Pernambuco imortal, imoral?
Por Carlos Sena (Da série “Textículos”)


 
 
Que os pernambucanos são metidos à bala que matou Getúlio, isso ninguém duvida. Tirando o excesso do nosso bairrismo e da nossa galhardia acerca do nosso ineditismo em muitas coisas, temos que convir que há motivos verdadeiros para o nosso orgulho. Orgulho que nos leva a sempre achar que nossas coisas são as melhores e as maiores: maior Shopping Center da América Latina, maior avenida em linha reta do Brasil (Caxangá), maior teatro ao ar livre do mundo, enfim, melhor isso e maior aquilo. Só nunca ouvi dizer que o maior pênis do mundo tenha sido encontrado por aqui, mas, quem sabe? No rol dessas considerações de pioneirismo e ineditismo “A República é filha de Olinda”! Mais um recorde que ostentamos com orgulho a despeito de que muitos que aqui residem sequer tem essa consciência cívica.
A prova disso está ali, na frente do Mercado da Ribeira na cidade Maurícia de Olinda: um pedaço de muro, mais ruina do que pedaço e mais história do que vontade politica dos mandatários em divulga-lo e protege-lo, mas que significa o local do Grito. Mais um grito neste país tão histérico que foi dado por Bernardo Vieira de Melo – talvez o primeiro grito em defesa da República em todas as Américas. Isso em 1710. Portanto, há 299 anos. Esse “grito” se reveste de tanta importância porque antecede, inclusive, à própria Revolução Francesa e à Independência dos Estados Unidos.
Muitos são os que visitam o mercado da Ribeira e ignoram aquele “taquinho” de muro. Sequer se lembram de que no hino de Pernambuco há uma menção: “A Republica é filha de Olinda/ Alva estrela que fulge e não finda/ De esplendor com seus raios de luz./Liberdade! Um teu filho proclama!/ Dos escravos o peito se inflama” (...).

... Na mureta que fica na frente do Mercado da Ribeira, há uma estrela, vai lá pra vê-la!