OS MEUS TEXTICULOS. 
Por Carlos Sena

Tenho escrito várias croniquetas dentro de um projeto que chamo de "Texticulos". Pois bem: alguns amigos insinuam que eu "só penso naquilo". Que eu só penso, penso mesmo, mas no caso não necessariamente. No rol dos amigos, outros deles me perguntam se eu vou lançar um livro e eu lhes digo que sim é que não será o primeiro. Esse "lançar" poderá ser de duas formas: numa livraria, com direito a autógrafos e tudo mais ou daqui de casa, do décimo andar, lançar em folhas soltas a esmo para que o vento separe a prosa da poesia e da poazia. Para que o Senhor Vento leve para as esquinas que se tornaram abandonadas depois da invasão do Facebook; também que leve meus texticulos para onde exista imagem e exista nação e que, depois, a imaginação utilize esses texticulos, inclusive, para onde a libido melhor lhe agasalhar... E que se transforme o cubo em cubículo, o verso em versículo, o texto em testículo... E que no dia do lançamento que eu possa lançar também, do décimo andar onde moro, a falsa moral da burguesia que me cerca e continua fedendo feito merda seca de gata branca...
Assim, em cada croniqueta um Tonho e um Tonheta, um punho e um purgatório. Em cada cena de sexo explícita, um nexo inexplicável se interpõe entre o ser pudico e o ser da pá virada... Porque da pá virada se desvenda a cova rasa da humanidade atordoada diante de si mesma até o juízo final. Enquanto o final não tem juízo nem vem tão cedo, adormeço lendo o credo torcendo pelo versículo do semeador, enquanto não chega a hora de plantar, enquanto meus texticulos não estão prontos para colheita...