Dos trens aos arrastões

Houve um tempo de grandes migrações e as pessoas fugiam das guerras, dos campos de concentração e dos extermínios étnicos. As guerras nos Bálcãs e no Iraque nos lembram trens macabros.

Hoje os trens são dos imigrantes ilegais da América Central e México para os EUA, do Norte da África para a Itália. Já foi mais intenso também da Bolívia para São Paulo. Em tempos mais remotos Graciliano Ramos, citado de memória, diante do quadro Os retirantes de Portinari disse: “Só uma sociedade como a nossa pode produzir essa obra.” As levas e ondas de gente às trevas não são mais apenas consequência das guerras. Hoje, aqui em Vitória-ES, 40 menores invadiram o Shopping Vitória, pois na ordem neoliberal o templo é o do consumo.

lua à vista

brilhavas assim

sobre auschwitz

Paulo Leminski.

No Brasil, a violência urbana é a exploração do rico e do remediado pelo pobre. Neste momento, pela paz no mundo, faço uma genuflexão. Embora a paz apenas não seja mais suficiente.

A lua noîre,

toda cheia de mofo,

é aspirina.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 30/11/2013
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