PatAMOR.
Por Carlos Sena


Tem gente, no natal, que pega roupas velhas e dá aos pobres. Sem querer ser palmatória do mundo, mas não gosto disso. Sou daqueles que gosta de dar o que presta. Porque o que presta nem sempre é o que sai da loja. Mesmo sabendo que o melhor, no natal, não é dar roupas ou comidas a quem precisa. Isso é importante, mas a solidariedade em todos os dias do ano se me parece mais fundamental. Como disse, gosto de dar roupas que não uso mais porque abusei. Ou porque elas estão fora da moda ou mesmo porque a gente engordou ou emagreceu e não dá mais para usá-las. O importante é que não se dê o que não presta. O que não presta a gente coloca no lixo. O pior é que há quem dê restos de comida. Comida não se dá restos, mas sobras. Há quem, inclusive, dê comidas enlatadas vencidas ou até azedas ou com gosto diferente do original. Porque a gente sabe que “fome tem cara de herege” e quem está com ela nem sempre escolhe a melhor ou a mais apresentável para saciá-la. Assim, neste natal, quando a burguesia que me cerca fica feliz da vida “doando” molambos, muafos, comidas que restaram das suas festas fico imaginando na contradição solidária desta época de natal.
Mas a humanidade está um processo de depuração espiritual. A era de Aquarius é um pouco disso e, quem sabe, em breve estaremos noutro patamar – o patAMOR?