A literatura e o mundo

A literatura não pretende mudar o mundo, essa é uma pretensão para os ideólogos, filósofos e políticos de toda natureza; mas a literatura é libertária. Segundo Moacir Costa Lopes, em seu livro A história do escritor e do livro no Brasil, a importância de um livro pode ser tão grande a ponto de libertar pessoas do inferno. A Divina Comédia, de Dante Alighiere, resultou na invenção do purgatório. Passou a ser impossível condenar os filósofos desde os pré-socráticos a Virgílio ao inferno, depois da publicação do livro no dolce stil nuevo **. Então esses seres de grande espiritualidade, mesmo pagãos, ficavam no intróito, desse intróito se originou o purgatório. A literatura não muda o mundo: sua função é acabar com o inferno. João Cabral de Melo Neto não acreditava no Céu, mas acreditava no Inferno. Faz sentido: o céu que nos protege causa câncer; use protetor solar em spray, que não suja a camisa nem a porta do carro.

Expressão italiana que significa "doce estilo novo". Designa um movimento da poesia italiana que surgiu, na Toscana, entre a segunda metade do século XIII e o início do século XIV, desenvolvido por um grupo de poetas florentinos, como Guido Guinizelli, Dante Alighieri, Guido Cavalcanti, Lapo Gianni, Gianni Alfani e Cino da Pistoia.

A expressão foi primeiramente utilizada por Dante, na Divina Comédia (capítulo XXIV, est. 19 do "Purgatório"), ao evocar o encontro com o poeta florentino Bobagiunta da Lucca, que se tornara uma alma do Purgatório.

Sucessor da lírica trovadoresca, o dolce stil nuovo apresenta, na poesia, novas características a nível de conteúdo e forma. Assim, quanto àquele, surgem três grandes ideias ou "topoi".

1) A primeira ideia consiste numa conceção do amor, já não de acordo com o antigo modelo de vassalagem, inerente a uma sociedade feudal, mas segundo os princípios da gentileza, conforme determina o modelo da sociedade burguesa das cidades italianas.

2) A segunda ideia baseia-se numa nova concepção da mulher amada, vista como angélica que, com o seu olhar, provoca no homem o desejo de bondade, de perfeição moral, de gentileza e de elevação espiritual.

3) A terceira ideia remete para o estado de espírito do enamorado que, pela recordação da beleza e da imagem angelical da dama, procura encontrar equilíbrio entre o doce encanto do coração e o receio de ser abandonado ou de se ver privado de tal graciosa figura.

Nota: na verdade Dante Alighiere abandonava o Latin e escrevia, embora com erudição, na língua falada pelo povo. Mais informações podem ser lida no seguinte link: http://www.infopedia.pt/$dolce-stil-nuovo;jsessionid=epwQ5lpbGADyc28oC7dhSA__, visitado no dia 30 de dezembro de 2014, as 23.50 h.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 31/12/2013
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