E A SAUDADE ME TRAZ DE VOLTA

É dezembro, aqui estou pela saudade tangida.Esta saudade que comigo anda, é a minha propria sombra... esta saudade, pela vida me acompanha e, ao contrário, não mina minha existência. Esta saudade, me revigora e, todos os dias na lembrança, renasce a cada dia, nesta alma recorde em teimosia e, que de esperar nunca se cansa. Agora aqui, de braços abertos me acho nesta antiga e bela praia diante deste velho, sempre novo mar, que se debruça a cada minuto sobre estas areias finas do vai e vem, no movimento da vida. Eu e minha saudade juntas estamos, revendo nosso antigo lugar, feliz, por ser pela saudade convencida, me acho agora no meio de mim, do meu mundo, da minha praia.

E, o sol acaba de nascer! Aqui, por estas areias andando, estas terras salgadas pisando, entre lembranças, encontro-me comigo no doce aconchego das antigas paisagens do meu lugar, sentindo-me de novo em casa, na alegria calada, silenciosa do voltar. As areias, o mar, o vento, calmos, tranquilos e serenos vão comungando com a paz pela minha alma agora paira. O mar, até recuou suas águas, deixando mais larga esta imensa e tranquila beira de praia, que a minha frente, sob o fascinado meu olhar se estende... do Mar de Camboinha, até a Praia do Poço, esbanjando natureza por estas praias, ainda esta hora desertas, abraçando de novo quem em terras estranhas se achava distante do cheiro da sua casa. Feliz, agora sorrir, sob o abrigo deste velho coqueiro. a me oferecer sua sombra, apesar de suas ralas e compridas folhas.... Era, este velho coqueiro, que há décadas, conheceu dos meus sonhos, ouviu as muitas juros de um amor que dizias ser imensurável, entretanto, com o passar do tempo, o imensurável, ao que parece, ficou apenas comigo. Mas, fazer o que...

Um dia, parti destas bandas de mar. Longe, muito longe daqui, outros mares naveguei, outras praias andei, quem sabe, outros sonhos velejei, até que um dia acordei e aprendei o que, nem de longe cheguei a imaginar... um amor assim, nunca se esquece, a gente leva com a gente, para onde for. Assim, depois de muitos verões passados, volto a terra, ao mar, a praia dos meus encantos!

E, neste meu antigo mundo, vou ficar olhando alguns poucos coqueiros e barcos, a noite, vão se fazer ao mar. Então como antes, irei neste mesma ravina deitar e, nas noites belas de luar, quero chorar minhas lágrimas mais salgadas, tanto quanto as águas deste mar. Por aqui, vou definitivamente, ficar e, quando algum dia, vieres teus pés, nas águas deste mar banhar, estas benditas águas, hão de deixar teus pés salgados, mas, também, por minhas lágrimas, perfumados...

E aquele abraço que, na nossa lembrança ficou guardado, no milagre da simbiose da saudade, há de te trazer de volta ao nosso antigo lugar...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 19/02/2014
Reeditado em 17/09/2015
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