Um Padre Jesuita

Estamos em abril, na década de 60, mais ou nenos pelas 9 horas da manhã de um sábado de "Aleluia", saindo todas nós, em fila "indiana" da Capela do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, aqui na Av. Epitácio Pessoa, e nos dirigimos ao Auditório do Colégio para mais uma "Pregação" do nosso Retiro, daquela distante Semana Santa. A nossa curiosidade era enorme no que se referia ao Pregador, um Padre Jesuita, convidado pelo então nosso Arcebispo, que foi o celebrante da Missa, que acabavamos de com-celebrar..

O Pe. Jesuita, que vamos chama-lo de Pe Jorge,em homenagem, ao dia de São Jorge hoje, 23 de abril, com 52 anos de idade, ordenado há 10, reside e exerce suas funções eclesiasticas no SEMINÁRIO DOS JESUITAS de Olinda, alii em Pernambuco, bem proximo, Recife, sua capital, apenas 110 Km. de distancia da nossa João Pessoa.Feita a apresentação, a Pregação, tem incio,mais ou menos assim:

--- "' Sou um Padre Jesuita, nascido e criado em uma famila de classe média e, como catolico vieram: Aulas de Catecsimo, Primeira Comunhão, Missa, Festas da Igreja, Passeios, Viagens, e Coroinha,tudo normal na vida de um menino, adolescente, jovem e rapaz, com dois irmaõs e uma irmã, assim era a nossa familia Professora Cristina de Sousa Alves da Cruz do Grupo Escolar " Profa. Corinta Vieira de Alencar" a familia se mantinha do Emprego Públco do Fiscal de Renda, Genario Alencar de Azevedo Cruz, de uma cidade do sertão de Pernambuco, que dava seu expediente todos dias no Posto Fiscal, que ficava a beira da Estrada que, liga Exú ao Grato no Ceará.

A vida passava mansa, não posso dizer que era uma cidade tranquila e pacata ,porque havia uma guerra muda entre duas familias da cidade, uma, era a minha familia, da parte do meu pai. E, assim, ia-se passando a vida, sem muitos atropelos e dificuldades. Até que,um diia, sua mãe e irmães, vindo a Escola,passavam na calçada da Igreja, já no pico do meio- dia, Pe. Juarez, nosso Pároco, as cumprimenta e sai calçada afora a conversar...E, como quem sem querer e querendo, chegam a nossa casa. que fica a menos, 60 da esquina da Matriz. Ao chegarem ao portão, todos param, e minha mãe, o convida á entrar, o que é aceito, prontamente. Na sala, mamãe, lhe oferece um copo com água. Sentam-se, e Pe. Juarez, pergunta se está tudo em paz, o que minha mãe responde incontinente e pergunta sobre meu pai...

- Ah!, ele so vem no fim dia, quando encerra o movimento na estrada. Mas, o senhor queria falar com êle sobre a Festa da Igreja, hoje a noite êle procura o senhor.

Pe. Juarez se levanta, pega o chapeu e com êle nas mãos, quase a sussurrar diz:

_ Não vai mais haver festa, estão suspensas,todas as comemorações. Aconteceu, um acidente terrivel com uma amigo muito querido. Dizendo isto, se aproxima de minha mãe, põe as mãos nos seus ombros é acrescenta;

- Minha amiga, houve um tiroteio há mais ou menos meia hora, lá no Posto Fiscal,temos um ferido e outo morto....

Infelizmente, o morto era o meu pai. Não preciso dizer-lhes, minhas jovens, do desespero que tomou conta de todos nós, pois naquele exato momento, eu estava entrando na sala e ouvi tudo....Ali naquele instante, minha vida parou... tinhamos perdido nosso pai... E, mamãe o amor da sua vida, mas, vamos virar esta página...

Depois de 8 anos, estou voltando a minha cidade, minhas irmães casadas, mamãe com problemas de saude e, eu durante aqueles anos, a caçar dos assassinos do meu pai. Naquela manhã, quando da nossa tragédia familiar. Um caminhão, não para na porteira do Posto Fiscal, leva tudo, no eito, meu pai e um motorista pegam um JEEP e saem atras do caminhão, passam a frente. Os passageiros do caminhão se aproximam como se estivessem dispostos a se explicarem, mas, repentinamente é sem oferecer qualquer chance e efesa, atiram.. um dos tiros atinge, o motorista que, sobreviveu, graças a Deus, mas, o meu pai, sofreu tres tiros fatais, e meu pai faleceu, no local, antes de chegar qualquer socorro médico. Pelas minhas andanças, pela capital soube que o caminhão, fazia o contrabando de mercadorias,sem as NOTAS FISCAIS correspondentes.

O que me acontecia ou aconteceu, longe de casa, da familia, da sua cidade, da sua gente, sem concluir os estudos a dez anos passados, havia sumido sem noticias, sem endereço... um vácou na vida da minha familia se abre, era uma pagina, não secreta, mais quase que totalmente perdida..

-- Mas, um dia, em uma vespera de Natal, depois de mais uma década, sem sinal de vida, eis que estou no portão da minha mesma e antiga casa Desnecessário dizer a alegria. o reencontro, todos os familares, parentes amigos e conhecidos da cidade onde eu crescera, vivera ate ser meu pai vitima fatal de forma trágica e misteriosa, volto depois de mais de dez anos.

--E depois de setenta e duas horas, em casa no aconchego

do reencontro com a minha familia, naquela manhã de 28 de dezembro,

ouvindo sino da chamada para a Santa Missa, vou a Igreja, e o Pe. Juarez, me recebe como o "Filho Prodigo", alegre, descontraído e feliz, com alguns anos de vida perdidos e, que no confissionário " segredo da confissão" lhe garante um tranquilo e promissor futuro. inclusive para dois velhos antigos habitantes da cidade para velhos.. o que ali na minha cidade, eu tenha e volta, era o abastante para se virar mais uma pagina. Mais vidas pela frente, na luta pela sustentabilidade do futuro de, no minimo, dezena de pessoas, algumas, como especificamente, minha amada e pobre mãe, envelhcida e doente, a quem negara eu, não apenas a minha presença, mas, a minha assistencia.

E a LIÇÃO DE VIDA É: Chega a Igreja um homem, ausente da cidade há anos, naquela tarde, dedicada a confissão dos paraoquianos.O velho padre lá está, pacientemente ouvindo os pecadores em busca da benção do perdão.. e, depois de se haver confessado, vem a penitencia: e diz "o seu vigário":

- " Filho, amanhã, é Dia de Feira na cidade, compre o balaio, o maior que encontrar, e saia por a catar as penas, até que, no grande balaio não caiba mais, sequer, uma agulha.. e procure, por onde andar, nesta sua peregrinaçáo a Torre mais alta de uma Igreja, e de lá, da mais alta Torre da Igreja que encontrar.. e, em uma hora do dia, em que o vento esteja a fazer barulho nas folhagens das arvores, com balaio na cabeça, do alto da Torre. lance as penas para o ar.. e só volte a este lugar, quando tiver recolhio, todas as penas, que antes estavam e, volte a esta Igreja. Va´em paz, e que o Senhor Deus Misericordioso o abençõe e perdei todos os seus pecados. Em nome do Pai do Filho e do Espirito Santo amem"'

Esta, a penitencia dada para o pecador arrependido, volta, depois de muitas andanças e, chega um dia, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, daquela mesma cidade, sem cumprir a penitencia que lhe foi dada pelo velho sacerdote e, pela mãos conduzia de volta aquele mesmo balaio vazio aos pés do altar de Nossa Senhora da Conceição, absolutamente vazio.

- Pe. eu fracassei, não consegui, aqui estou lhe implorando, mude minha penitencia, nunca consegui cumprir!

E velho sacerdote, diante daquela angustiante confissão:

- Filho, esta penitencia e por toda vida! E que lhe sirva apenas de lição: cuidado com a sua lingua, cuidado com o falar.Voce conseguiu colher as penas, com mais facilidade, uma vez que, foi busca-las no abatedouros de aves, entretanto, depois de soltas ao vento, não há como traze-las e volta. Isto, é para que voce e outros, percebam que, a calunia, a difamação e injuria, que fazemos a alguem, nunca, sera reparada, e corre o mundo em um velocidade tão grande que aos nossos olhos e vista, impossível, cronometrar. ou medir.. e, o mais grave, gravissimo, posso lhe dizer, que nunca mais, voce, por mais que queira e deseje, a boa fama e reputação daquela pessoa jamais voltará a ser como antes, a calunia, injuria e difamação...infelizmente, voce, jamais, poderá recompor, reparar ... e marca aquela pobre criatura e pobre ser humano, para sempre....

E eu assisti, a emoção que tomou conta do Pregador , o Padre Jesuita ao ouvir os fervorosos aplausos de todas as mais de 400 jovens o aplaudindo de por, muitas de nós, não esquecemos, aquela pregação de mais um retiro, para a reflexão das nossas vidas

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 23/04/2014
Reeditado em 17/06/2014
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