MANIFESTO FLAMENGUISTA
MANIFESTO FLAMENGUISTA-CRÔNICA
A cidade amanheceu mesclada de vermelho e preto, uma sensação de felicidade lia-se nos rostos dos transeuntes cariocas e, com certeza, os rivais do “arco íris” invejavam o doce gostinho da vitória.
Eu diria que ser flamengo faz parte da cultura carioca, assim como samba, mulata e futebol- o Rio de Janeiro é também uma nação flamenguista.
Quem nunca foi a um clássico no maracanã, seja flaXflu, seja vasxoXflamengo, não viveu, passou pela vida em fina flor- não pode morrer, pois não cumpriu uma etapa indispensável de sua existência!
E não há em canto algum uma torcida como tal, contagiante, com suas fumaças de cores vibrantes, com seu estardalhaço violento e seu barulho embriagante. Mal educada sim, mas cativante também.
Até mesmo, quando vejo um bom despacho oferecido à Pomba-gira na encruzulhada, com galinha preta, pano vermelho, sidra de maçã vermelha, rosas e velas da mesma cor, paro e penso: Eita, despacho flamenguista! Nunca sei, se o fizeram para o Guia ou para o flamengo ganhar uma partida!
Também não dispenso uma mistura de combinação vermelha e preto, apimenta a noite! Não importa, se me dão o título! O que também não dispenso um bonito mulato, tipicamente flamenguista, vestindo a camisa, dá um ar de virilidade!
Nasci e fui criada em um lar onde cultuar o flamengo era uma pecado capital, tão grande como matar ou roubar. Papai sempre dizia:- prefiro uma filha puta a um filho flamenguista!
Naquela época, o time rubro-negro era coisa de favelado, para muitos. Um preconceito que nunca foi verídico, apesar de a torcida ter nascido da massa, do povão. Mas tal afirmação é a mesma que dizer ser viado, todo cabelereiro.
Contudo, não sou flamenguista, não podia jamais sê-lo, sou cria do campo adversário, sou tricolor de coração, mas parafraseando Nelson Rodriguez, amo o time rival- o que seria de nós, sem o inimigo? Quantas alegrias já nos deram os rubros- negros! Vida longa a nós e a eles!!!
Nina Barros
07/05/07