BRINCAR DE SEGUIR

Confesso: sonhei tudo que a vida me permitiu, e quase nada chegou às minhas mãos. Mesmo assim valeu a pena, considerando a ilusão de cada dia que me deu mais um dia para sonhar de novo.

Sempre fui de fazer excursões no pensamento e nunca, em toda minha vida, fiz o que não foi de vontade livre. Dei ao vento a mistura dos meus tons, impus meus traços e me fiz assim: do meu eterno faz-de-conta. Sou resultado indiscutível do que sonhei, com realizações ou não.

Neste momento, já deixei a bagagem. Minhas mãos estão livres, minha cabeça idem, meu sentimento é de que a vida me deixou no parque do por enquanto, e se diverte na minha diversão. Meu caminho deixou de ser viagem, para se postergar na preguiça de medir o destino.

Mesmo sem ter chegado a lugar algum, sinto a trajetória cumprida. Minha história dilata o meu limite, sem compromisso de até quando. Só me resta brincar de prosseguir.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 16/06/2014
Reeditado em 16/06/2014
Código do texto: T4846540
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