Crônica de um cidadão ausente

Testemunho de um porciunculense mais que ausente.

Pela primeira vez me delicio com o desfrute de tão significativo evento!

Sou talvez o porciunculense mais ausente, dentre tantos presentes nesta data festiva. Mas isso de forma alguma me agrada. Demonstra apenas uma omissão maior e ser omisso não dignifica quem quer que seja. Entretanto, existe uma razão muito forte para isso, permitindo garantir a meus conterrâneos um motivo deveras importante que justifique tal ato.

Mudei-me para o interior do Pará, em 1973, mais precisamente para Itaituba, região de garimpos, o maior município brasileiro em extensão territorial, estando a serviço do Ministério do Trabalho, na Fundação de Assistência ao Garimpeiro, órgão criado para tentar conter o contrabando de ouro, na época de aproximadamente 500 kg mensais e a conseqüente escravidão, freqüente e desumana, que ocorria na região.

Pelos efeitos danosos da pesquisa e exploração do ouro aluvionar ao meio ambiente, na impossibilidade de evitar a invasão da floresta, para preservá-la, precisávamos criar controles e manter registros que nos permitissem o monitoramento dessa atividade.

Essa providência protecionista em favor dos menos favorecidos e em contrapartida à força e truculência inconteste dos donos de barrancos, como comumente são chamados nos garimpos, nos obrigaram a uma luta a peito aberto colocando em risco, diariamente, nossa própria existência. Vários companheiros tiveram suas vidas ceifadas covardemente quando no cumprimento de suas obrigações.

Desde então, tenho me dedicado ao delicado tema AMAZÔNIA, vítima da cobiça internacional, de bem arquitetadas manobras de políticos corruptos para desestabilizá-la, de conceitos e procedimentos inadequados e extremamente equivocados quanto à forma de explorá-la ou preservá-la, a quem todo o mundo (menos nós brasileiros) dedica hoje sua total atenção, pela importância de sua biodiversidade e equilíbrio futuro da vida em nosso planeta Terra.

Uma riqueza inconteste no subsolo (petróleo, gás natural, ouro, ferro, bauxita) ou acima dele, a própria floresta e um colosso mar de água doce, os quais, através de um projeto nacional, seria capaz de promover o aproveitamento racional e sustentável de nossos recursos naturais.

A AMAZÔNIA tem pago um preço muito alto por hospedar a maior diversidade florestal do planeta e como afirma o Senador Gilberto Mestrinho em um discurso no Senado... “ao invés de significar solução para nossos problemas econômicos, estes fatos (referindo-se aos procedimentos inadequados) tem servido para camuflar o descaso ambiental com as mazelas sociais decorrentes de seu modelo predatório de progresso”.

Grupos ambientalistas internacionais financiados por grandes corporações econômicas, encarregam-se de impor o modelo preservacionista da intocabilidade a qualquer custo, como forma de impedir o aproveitamento racional da floresta e dos cerrados.

Consultores estrategicamente inseridos na vida social do País aliciam a consciência coletiva na direção de seus objetivos.

Não se trata de defender a derrubada da floresta de forma indiscriminada. As ciências florestais hoje recomendam o manejo de espécies como forma de renovar e fortalecer os estoques naturais. Toda planta em fase de desenvolvimento absorve gás carbônico em maiores quantidades e desta forma limpa a atmosfera e quando chegam à idade adulta o balanço é equilibrado.

Precisamos mudar esse conceito de desenvolvimento baseado na preservação sob a égide da conservação.

Longe dessas ONGS desejarem nosso bem... cobiçam nossos bens!

Contribuição de Urias Sérgio de Freitas

para O jornal Porciúncula Noticias.

P/ maiores informações, enviar mensagem para urias@usfreitas.com.br ;

Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 18/05/2007
Reeditado em 09/08/2008
Código do texto: T492237