12 de setembro

Era um mineiro de 1,95 de altura, costas largas, sorriso pequeno, olhos menores ainda, mas tinha a alma e o coração de um menino. As cinco da matina já estava de pé, com seu rádio ligado , ouvindo uma música sertaneja.Comprava os pães, ajeitava a mesa do café, nos acordava para a rotina, despedia-se apenas com um aceno de mão. Por lá ficava todo o dia. Almoçava de marmita, restaurantes da moda, por fim, no restaurante da empresa. Na rua, no bairro, na cidade, por onde passava, viajava, todos o conheciam. Homem sereno, de falar baixo, sorrisos e

acenos, embora de olhar capisbaixo. Muitos amigos. Aos sábados, após as compras , o salão do barbeiro. Nas tardes, o sonecar, a tv. Aos domingos, a igreja às seis da matina. O almoço regado a vinho, cercado dos filhos, acompanhado do sorriso da amada. O rocambole de frango era sempre o seu pedido. Dia de esconder azeitona no recheio do pastel.

Festejava. O pai, pedreiro, morreu num forno de padaria. A mãe, uma senhora esbelta, de olhos que nem os dele, morreu um ano depois. Não suportou a dor da solidão. A ele coube cuidar dos quatro irmãos. Criou a todos. Casou-se, vieram-lhe os filhos. Educou-os na luz de seu conhecimento , sempre guiado pelas doutrinas do Senhor. Numa bela manhã, acordou cedo, assistiu a missa, ministrou eucaristia a quatro doentes. No quinto, que por sinal , era-lhe o sogro, pediu um café. Rejeitou. Não gostava de alimentar-se antes de terminar sua tarefa maior de cristão. Cupriu-a. Sentou no sofá. Tomou um gole do café. Sorriu. Fechou os olhos e

se foi. Fui a primeira a chegar no necrotério. Ficamos a sós por uma hora.Seu corpo ainda quente. Cantei para nós. Recitei-nos uns salmos.Disse-lhe o quanto seria dificil para mim suportar a sua ausencia. Sua face tranquila cobriu de paz meu coração. Seu estilo de vida, seus

ensinamentos, nossos bate papos nas tardes de sábado, o incentivo à escrita, o desejo de que me tornasse advogada, o abraço apertado e o assobiar baixinho pelos cômodos da casa..Momentos intensamente vividos e que, hoje, fazem parte deste sentimento indescritível chamado Saudade.

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> Hão de dizer:

> ao nascer

> começa-se a morrer.

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> Avante!

> Sejamos

> únicos no desejar

> no agir

> no sonhar

> **

> Réplicas...

> alguns desejam

> que sejamos

> réplicas!

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> Oh! vida pulsante..

> repleta de horizontes

> presente de Deus

> a deuses

> **

> Lágrimas?

> Sejamos navegantes corajosos

> temos como tripulantes

> sentimentos

> saudades

> forças interiores

> **

> Dos que nos deixam,

> saudades...

> aos que chegam

> aos que ficam

> nossa vida

> como taça erguida

> **

> Oh! quão suave

> é o toque da vida

> no coração de

> valentes guerreiros.