Três Coisas da Objetividade
Por Carlos Sena


Há coisas na vida que não se pode fugir da objetividade: a primeira delas é que quem vive vai morrer. Outra é que, em vivendo há perdas e ganhos. Uma terceira é a de que tudo passa. Acerca da vida e da morte cada um que descubra sua melhor forma de conviver com essa certeza absoluta. Concernente a perdas e ganhos acho mesmo que poderemos nos redefinir como pessoa (pra melhor) se conseguirmos alcançar sua dinâmica existencial. Não se vive sem perdas e, sempre que ganhamos algo, alguma coisa foi perdida alhures. Das perdas, apenas uma eu entendo como dolorida e quase que insuperável: quando se perde quem a gente ama! Afora isso tudo são detalhes que a nossa evolução espiritual consegue dar o devido valor pra mais ou pra menos. Certamente que perder não agrada, mas muitas vezes a gente perde pra ganhar na frente. Ter essa consciência se torna imperioso para que alcancemos estabilidade na vida em todos os sentidos. Entendo ser mais virtuoso saber perder do que saber ganhar, mesmo porque nalguns momentos ganhar ou perder é só uma questão conceitual. No viés da terceira objetividade que é onde "tudo passa" fica claro que nos três segmentos há uma intersubjetividade: não se perde nem se ganha nada sem que primeiro estejamos vivos. Vivos estando nos resta ver o que fazemos com os nossos ganhos e o que ganhamos com as nossas perdas. Porque no fundo não há bem que sempre dure e mal que nunca se acabe. Afinal, na vida tudo passa. A própria uva passa. A manhã que nos dá manha, passa. O dia que nos acaricia adia. A noite que nos desperta paixões também nos causa medo - degredo de solidão que a vida nos oferta qual um presente de natal que a gente recebe, mas o papel salo fane foi rompido...