UM JANGADEIRO SOLITÁRIO

A madrugada avança, querendo alcançar o nascer do dia... mas, na ansiedade, de encontrar o amanhecer, esquece que o relogio do tempo, marca as passadas da vida. Assim, a madrugada espera que, a generosidade do vento, afaste para bem longe, todas as nuvens, para que, a lenta madrugada, menos monótona e mais bela seja a lua nesta madruga fazendo, seu passeio, pelo ceu da noite, silenciosa solitária e triste.

E, em uma dessas madrugadas, assim, uma janela se abre para o mar. Uma lampada se acende.... um vulto de mulher, no grande alpendre que, a casa a beira- mar, contorna, pela luz da lua iluminada, surge, e sem nada temer, pelas areias da praia lentamente caminha, como se estivesse, sob um peso tolhendo as forças que, lhes restam, ainda.

E, a luz da lua lhe flagra, sentado-se na areia. Ali parada, deixa o seu olhar castanho perder-se na imensidão do mar, que se quebra na praia no vai e vem constante de suas águas e ondas, a desenhar rendas em espumas brancas, recolhidas pelas areias pardas que enfeitam aquela extensa e bela, beira de praia. De repente, a luz de uma lanterna lhe chama a atenção. Apurando o olhar, divisa há pouco metros de distancia, um jangadeiro, que pacientemente, faz sua jangada ao mar.

A paisagem já lhe é familiar, mas, naquela madrugada, ali sozinha, vendo a jangada nos braços do mar se acalentado, a bela e ainda, jovem dama, perde a inibição, e em um gesto quase desesperado, ao jangadeiro implora.

- " Jangadeiro que solitario, assim, como estou agora, leve, por favor na sua jangada, mar a afora, e atire nas profundezas do mar, a dor que me sangra o coração e, a luz da minha alma ofusca, por favor, leve também, consigo, este amor tão bonito quanto anitigo, que um dia em meu coração plantatado foi no jardim da felicidade, mas, que hoje, a boa semente, padece, da metamorfose da saudade"....

E, na volta para casa, os raios de sol ja dão sinais de um novo dia. A grande dama e bela mulher, vai passo a passo, regressando para sua, casa, triste sim, mas o fardo da saudae, lhe parece, mais leve....

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 04/03/2015
Reeditado em 14/06/2015
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