Minha noite de ontem, igual e diferente das outras

Noite adentrando eu chego em casa.

Talvez, em torno das 23:30h, exausto. Depois de um dia bem longo e cheio de atividades, resolvi dar um tempo pra mim.

Em meio ao cansaço, cometi um grave crime. Faltei ao ensaio do Coral Primavera. Por sinal, é um coral que tenho um profundo apreço. Sempre o zelei com muito carinho. Aliás... me sinto bem em estar lá. Além de louvar a Deus, tem uma excelente regente (minha amiga pessoal, a Jussara Novaes), alguns colegas e amigos que granjeei, nos diversos naipes do Coral, entre primeiras sopranos, mesos, contraltos, primeiros e segundos tenores, barítonos e baixos.

Diante da frustração de não ter ido ao ensaio (por conta do tempo apertadíssimo), fiquei com uma forte crise de consciência, por ter dado a palavra à Jussara e a mim mesmo que compareceria lá.

Após isso martelar a minha mente, tratei de dar o carinho na minha poodle Juninha, que pulava e quicava freneticamente para receber o meu carinho. Após os mimos, carícias e beijos que dei nela, tomei meu banho morno (em meio aos 15°C presentes em Vila Valqueire e adjacências) e passei a fazer meus costumes habituais para encerrar os trabalhos do dia. Coloquei o meu prato e jantei no meu quarto, ouvindo simultaneamente a Band News. Soube então de mais uma atitude desastrada em torno do famoso "Vavá", o irmão mais velho do Presidente Lula, além de outros temas e assuntos da programação.

Mal terminei, li uns dois capítulos da Bíblia e orei uns dois minutos. Logo que terminei de orar, enfrentando o meu corpo cansado e a minha mente confusa (por ter funcionado bastante durante o dia, entre as tarefas que tive de fazer para o Partido e para o ENJUNE, na composição da ata), não pensava em outra coisa, senão dormir e dormir para mais um dia atarefado, até o início do XIII Congresso da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ), em Nova Friburgo.

Não pensava em outra coisa, senão recarregar as minhas baterias. Dar um tempo a mim mesmo.

Precisava reordenar a minha mente, mas sem pensar em absolutamente nada. Sem me atormentar com preocupações, auto-críticas, reflexões e manter uma paz bem quieta e longe de qualquer ansiedade ou estresse fortuito e gratuito.

Com o silêncio desejado e o ambiente fresco e bem escuro do quarto, passei a dormir.

Apaguei literalmente.

Ao acordar e fazer o meu costume habitual, tratei de acessar à Internet e, para a minha surpresa, veio a mensagem da minha amiga regente, falando sobre o meu solo e os compromissos do coral. Embora eu tivesse explicado a ela sobre a minha inviabilidade no domingo, ela fez questão de colocar em baila sobre as atividades do coral.

Meu coração, até então em paz, teve um choque. Uma crise de consciência muito forte, entre o exercício de uma atividade salutar (na minha outra forma de servir a Deus - como sempre eu o servi - no campo da política) e o ministério que sempre amei, na área de música.

Entre o teclado, o gabinete e o monitor, não tive coragem de respondê-la...

Caiu lágrimas.

Lágrimas de tristeza e resignação.

Lágrimas em não poder fazer o meu solo e cantar no Coral. Coração conformado, com os desígnios e com aquilo que posso servir a Deus nas diferentes formas, maneiras e ações.

Terminado o momento de um choro rápido e fugaz, fui terminar de ler minhas mensagens de correio eletrônico e, após compor esta crônica e mais alguns textos no Recanto da Letras, fui, pesaroso, fazer as minhas atividades, pedindo a Deus coragem para saber domar o meu coração, as minhas emoções e sentimentos fugidios.

Pelo menos, tive coragem de assumir as minhas ambigüidades, turbilhões de sentidos e ações, além das minhas turvas emoções. Poderia esconder minhas fraquezas. No entanto, resolvi engolir meu orgulho e tratei de escrever, aqui, um pouco mais de mim, com meus pontos fortes e minhas fragilidades. Talvez, é um ponto inicial de várias atitudes que preciso superar, como homem e cronista, a partir da maestria e de muita (muita... imagine só!) maturidade.