Nó-velas.
 
Temas espíritas estão tomando conta das novelas. A temática gay também. O tema espiritual contempla a alma. A temática gay alcança o corpo e por conseguinte a alma. Sabendo que o lugar mais comum das novelas é o comportamento violento, o caráter duvidoso, o "jogo" das relações interpessoais, entendo que, diferente de muitos essas duas novas temáticas caem muito bem. Primeiro porque as novelas tem que ser fundamentadas na realidade concreta. No geral as novelas se prendiam a surrealismos e aos mais desvairados contos de fadas e de fodas. Romantismos piegas que ainda sobrevivem, mas que já abrem espaços para essas temáticas importantes de serem abordadas no universo novelesco. 
O espiritismo sério, Kardecista, aos poucos vem se consolidando no mundo. Silencioso, sem alarde, os espíritas estão cumprindo seu papel e, diferente dos pentecostais que a tudo gritam e alardeiam, vão se fixando como doutrina libertadora. A comunicação entre os espíritos tem sido cada vez mais alcançada por boa parte das pessoas no mundo inteiro. A temática Gay, idem, embora saibamos que seja de mais difícil compreensão por conta do seu contexto. Contudo, com a liberalização sexual das sociedades capitalistas, o universo gay está mais exposto à realidade das famílias que, no geral tem no seu núcleo indivíduos assumidos. As nossas famílias (umas mais outras menos) já estão com certo nível de aceitação dos seus parentes homossexuais. Isto talvez tenha sido o motivo das tvs apostarem nessa temática tão difícil de ser abordado num folhetim. A espiritualidade desperta mais aceitação do que os temas gays abordados pela TV. Isso por questões óbvias como a falsa moral e o domínio financeiro das igrejas sobre as famílias. 
O que está acontecendo hoje com nossas novelas enfocando esses empurrões temas polêmicos talvez seja porque não se pode "tapar o sol com uma peneira". A peneira do falso moralismo, dos gays casados e com filhos, mas com vida dupla; os que vivem no "armário", etc., já não está surtindo efeito. Porque as redes sociais estão se incumbindo, bem ou mal, de escancarar esse verbo. Portanto, não vejo com espanto esses temas abordados pelas novelas. Afinal, um nó a mais um nó a menos não faz mal a nenhuma nó-vela. Deve-se velar a felicidade que cada um busque do seu jeito, mas permitindo que o jeito do outro seja igualmente respeitado. Gosto de novelas, pronto, disse! 
Carlos Sena