A MENINA DE TRANÇAS QUE ANDAVA COMIGO I

I

Estamos, no ano de 1952, bem ali na Av. Epitacio Pessoa, entre os abençoados muros do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, as Lourdinas, como, carinhosamente, o chamamos. E, encontro-me, exatamente, pela graça da minha memoria, bebendo na fonte, até agora, inesgotável das minhas lembranças, estou, naquela pequena e antiga Capela, por onde durante décadas, passaram os Padres, Americo Maia, Everaldo Peixoto, Marcos Trindade. E, me deparo com aquela, menina entre seus dez ou doze anos, de cabelos lisos castanhos, tranças compridas, com laços de fitas azuis e, uma bem aparada franja, caindo-lhe, suavemente, na testa, até a altura, dos seus pequenos, brilhantes e buliçosos, olhinhos castanhos. Esta menina, era minha amiguinha, as vezes, até pensava, eu que fosse minha irmãzinha invisível, ou então, o meu anjinho da guarda que andava comigo.

Como, todos os anos acontecia, no Mes de Maio, a Imagem de Nossa Senhora de Lourdes, passava, um ou dois dias em cada Sala de Aula, ou seja em cada Classe. O dia da visita de Nossa Senhora a minha classe, chegara, e a nossa Professora, do segundo ou terceiro ano, do hoje, ensino fundamental, no nosso tempo, chamado de Primario, que era a Irmã Angelina, indagava, quais dentre todas nós queriamos ser voluntárias, para preparar a sala, o altar, para receber Nossa Senhora. E aquela menina que andava comigo, era a primeira, a levantar-se, expressar sua vontade de participar, aliás, muito ativa, adorava participar de tudo que fosse possivel e, dentre as tarefas que seriam distribuídas pela nossa querida Professora, Irmã Angelina.E, assim, estava formada a Equipe, por ela e mais tres ou quatro coleguinhas...

Na classe, ja se encontrava, uma jovem que nós chamavamos de " Noviça " que mais tarde, seria Freira, com uma vassoura. como não poderia deixar de ser, aquela menininha que comigo andava, adianta-se, pega a fassoura e sai andando entre as filheiras das carteiras, observando se havia alguma sujeirinha.

Ao cabo, daquela leve e divertida tarefa, chega a porta de entrada da Sala de Aula, onde se encontrava um tapete, procurou algo para apanhar algumas ciscozinhos de pontas de láis, não encontrando, teve a " brilhante idéia " e, escondeu o lixozinho, debaixo do tapete.... Tudo limpo, tudo em ordem para receber a Imagem de Nossa Senhora que vinha de uma outra Turma na Sua Peregrinação durante o Mês de Maio.

Dai, mais alguns minutos, a diligente Irmã Angelina indaga da Equipe, se tudo se encontra em ordem para recebermos Nossa Senhora, a reposta afirmativa vem, e, sabe de quem .. dela... do Anjinho da Guarda da traquina menina que andava comigo. Forma-se então, uma outra turminha para recepcionar Nossa Senhora quando a sua Imagem adentrasse a nossa Sala de Aula.... as coleguinhas de outra classe que vinham acompanhando o Andor de Nossa Senhora, já estvam dentro da nossa Sala, e a nossa Madre Diretora, Irmã Maria das Neves, foi a ultima a adentrar, a nossa Classe, lembro-me, como se fora hoje...

O tapete da porta da nossa Sala de Aula, estava, já fora do lugar, pelos muitos pessinhos por eles passados, e a danadinha da traquina menina que comigo andava, empolgada com a chegada de Nossa Senhora, nem percebia, que o lixinho que foi escondido, debaixo do tapete, apareceu....

Um ou dois dias depois, Nossa Senhora iria continuar sua Peregrinação pelas demais Salas de Aula, e foi ai, que tudo veio a tona. Irmã Angelina, chama " A TRAQUINA MENINA QUE COMIGO ANDAVA", exigindo uma explicação, o fato foi relato, compreendido, mas, não desculpado... e o castigo veio... escrever, cinquoenta vezes, na hora do recreio " e, se a memoria não me trai a frase era mais ou menos esta "NÃO DEVO JAMAIS COLOCAR SUJEIRA PARA DEBAIXO DO TAPETE, POIS DEUS TUDO VÊ " ... Ai, vem a pior parte... a menininha traquina, sabidinha que só ela, tirou o corpo fora e o castigo, ficou inteirinho, só pra quem.... adivinhem ... entretanto, as frases, teriam que ser escritas, 50 vezes, e ai, foi que a mãozinha da Menina Traquina que anda comigo, deu a brilhante idéia...Em duas folhas de um dos seus cadernos, numerou, cada linha de 01 a 50, e escreveu a frase, apenas, na linha de numero 01 e nas demais, só as " " " " " " " " " " " " e mais " " " " " " " " por 50 vezes..., simples a assim, mas, as consequencias... só Deus .... claro, que veio uma outra repreenção e se a memoria, não falha, ficou mais de um semana, sem receriooooooo

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 13/05/2015
Reeditado em 29/09/2015
Código do texto: T5240296
Classificação de conteúdo: seguro