O fumo do rolo!

Ele era um homem simples, sem malícia, como costumasse dizer. Também nunca andara só em nenhuma viagem além de dez léguas no lombo de um jumento. Mas como tudo de tem a primeira vez ele teve que ir a capital de ônibus, sozinho. Não esqueceu de levar na bagagem um bom pedaço do fumo de rolo com qual fazia sempre um bom cigarrinho de palha, que era de palha de milho mesmo.

No dia da viagem, preocupado em não perder o horário, já que era um bom mineiro daqueles que não perde o trem, ele foi para à rodoviária dez horas antes do da saída do ônibus que viajaria. Procurou um cantinho onde pudesse fumar a vontade, e lá vai um cigarro, dois cigarros, três, e acabou a palha. De vê em quando perguntava sobre a saída do ônibus, e sendo informado que ainda demoraria voltava ao cantinho e lá ia outro cigarro.

Na falta da palha ele começou a usar alguns papelotes que tinha no bolso, primeiro foram os de folha de caderno, que as filhas lhe entregaram com pedidos para trazer da cidade grande alguns batons, perfumes e calcinhas da moda, pois lá no interior a moda ainda era das cacinhas “V-8”, já bem fora de moda. E ais as listinha de compras viram cigarro de fumo de rolo. Na verdade o rolo seria quando ele voltasse sem as compras.

E o ônibus demorando ele fazendo cigarrinhos. Finalmente o momento esperado. O grande ônibus com ar condicionado encosta na plataforma, e o auto falante avisa: “Senhores passageiros com destino a...” e falou o nome da capital que ele, aquele homem simples iria. Apressadamente ele foi de encontro ao ônibus e já ia entrando, quando o motoristas lhe diz: “Passagem”, e ele responde: “Uai sô eu to querendo passar o senhor é que num deixa”.

O motorista então explicou: “É o boleto!”, e o passageiro com cara fechada diz: “E eu sou alguém de usa boleto? Ta me achando que eu fumo essas coisas?”. O motorista tenta explicar: “É o tíquete”, ai foi pior: “E você acha que eu sô homem de tíquete. Sou macho!”. O motorista então, didaticamente explicou que se tratava de um papelzinho que ele receberá no lugar que comprou a passagem. Foi quando nosso personagem, da forma mais simplória possível, explicou: “Ah! Esse papelzinho? Acabei de fazer e fumar um cigarrinho com ele!”

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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, Guanambi, Bahia... Não fuma e nem pita!