VISITA A CASA ANTIGA

Depois de algum tempo, volto hoje, a casa antiga. De pronto, perdi meus olhos na paisagem... e de repente, percebo, quase nada. havia mudado. Só a estrada, faz agora, menos penosa a viagem, no mais... tudo estava igual... e eu estou, de volta ao passado. A nossa casa ali, no alto da serra, plantada. Silenciosa, vazia e solitária, alpendrada, toda branca, entre os arbustos, ela se fazia, quase perdida.

Aqui na porteira, estou, ao toca-la, ouço um gemido, naturalmente a única forma pela qual a velha porteira encontrou para me saldar... e como sempre, nos demos bem, quando criança, achava eu, que era um sorriso de boas vindas. Enquanto o sol, de há muito vai deixando faíscas, ao mesmo tempo que, os sentimentos vão-se embaralhando dentro de mim, sentimentos estes, anos afio, em mim, aconchegados. Assim, vou a pé, andando devagar pelo estreito caminho que me leva a nossa antiga casa. A relva, um fio d'agua a deslizar por entre pequeninas pedras.... como eu imaginava, em nada diferente do tempo em que menina, quase adolescente, por ali passava, a correr, hoje, mulher, vou, ao que parece, contando os passos, como se temesse a emoção do abraço da saudade.

Agora, ando um passo lento, enquanto o vento leve me acaricia o rosto. Neste instante, parece que a saudade, despercebida, passa, como se o tempo não passasse, e o ontem, se fez presente.Mas logo sou desperta pelo esverdeado do lodo que estampa os degraus e soleira da porta, me dando sinais incontestáveis, de que o tempo, havia passado, mas, agora é o que importa. é o tempo que, mais das vezes, não perdoa sua propria medida, desbotou, a cor das janelas abertas, permanentemente, por esperanças renovadas...

Ao longe, avisto a mesma cor azul das serras distantes que emolduram lembranças de vidas passadas. A velha chave da porta da frente, a larga fechadura silenciosa e conivente, e a porta preguiçosa, emite um grito sufocado... e se abre. O piso. nos seus moisaicos, pelo passar do tempo gastos, deslizam sob os meus meus pés. O colorido dos azulejos antigos, que pilastras, cozinha e banheiros, decoram, ali estão nas velhas paredes estampados, fruto de muitos fardos de algodão vendidos. De repente. parece que ouço com carinho e orgulho, o toc toc dos passos firmes e resolutos daquele homem, o meu pai, que para suas filhas, traçou o futuro.

Uma lagartixa correndo entre velhos tijolos estocados, me trás de volta a realidade da casa, semi- destruída. Olho o teto que abriga agora, cupins, morcegos e ratos. Assim, encontro a vivenda que foi de amor, por amor e com construída. Da sala grande, mal se via o piso encoberto pela poeira estava. No mesmo lugar, a antiga cristaleira reinava imponente no silencio dos seus cristais que, de há muito, não tilintavam mais. As paredes de retratos nuas, só aranhas, morcegos nelas faziam casas. E, naqueles instante como que senti as mãos zelosas e ternas daquela mulher forte, que frágil, parecia, mamãe, que deu-me a vida e doou-nos a sua vida, sem se queixar, jamais.

Olhando tudo agora a minha volta, reencontro, meu passado, o meu canto de onde certo dia parti... fui embora viver outras paisagens, gastando a vida em intermináveis viagens, correndo atrás do sonhos, pela minha juventude sonhada... quem sabe... será que egoiita, fui... é o que tenho me perguntado e me pego de quando em vez meditando... talvez, eu não tenha amado tanto, os meus, quanto, devia amá-los... e, estando agora, em meio a tantos destroços... será que valeu apena, deixar este meu canto, a mim mesma, indago... e. no mesmo instante, a realidade de tudo que ali ainda encontro, comigo comunga e me identifico, com o ontem, que faz o meu hoje, que graças a Deus, me sobra um tempo para resgatar, a epoca distante, vivida... mas, tudo agora, tenho de volta, o que na verdade, nunca, esteve perdido, estava apenas, somando-se a historia de uma familia, que graças a Deus é a minha...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 08/06/2015
Reeditado em 22/11/2016
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