MAJU
Por Carlos Sena



Maju é a bola da vez. Ou a bala da vez? Talvez a bola e a bala, já que bala e bola são por demais conhecidas no nosso país que da bola tem o futebol e da bala tem a violência... E da bosta tem o urinol do preconceito cercado do mijo da intolerância por todos os lados. Agora é Maju e deu o que falar. Mas ontem foi a garota negra da favela que ninguém ligou porque lhe chamaram de macaca. Claro. Pois escura é a pele em que a ferradura da ignorância se estabelece. Agora é Maju. Tem rima rica e tem cor preta e tem charme e competência. Clemência para as Majus do morro que pedem socorro e só recebem bala. Bola da vez. Tez que a melanina se refastela e que o coração reverbera na tela gigante da TV. E muitos são os que falam. Muitos são os que bailam no recalcitrante preconceito odiento, enquanto outros tontos se calam. 
Maju é a bola 7 do bilhar do tempo, pois sua cor se esmera e destempera a chuva ou o sol "in continentes"... Do outro lado da rua, burgueses da desilusão consentida gravitam deletérios sobre sua cor, enquanto nenhuma punição alcança. Mas ela tem tempo e temperança, enquanto os cães ladram sobre seus próprios calcanhares. Tudo isso enquanto o Brasil perde na bola, ganha na bala e o povo se cala com o rabo entre as pernas.