DEDONHA

Apregoando alegria e juventude o político em campanha faz tratos com os eleitores usando sempre o "mindinho" num gracejo tradicional. Depois coça o "seu vizinho" como se por aí pudesse expurgar todos os possíveis vírus contraídos com o povo. Especialmente o vírus da pobreza (mal sabe ele que a sua, de caráter, é incurável).Para garantir a imagem de pessoa perfeita (bom marido, pai exemplar e cidadão honesto), o candidato é vezeiro em apontar o "fura-bolo" para os concorrentes, enumerando seus erros, defeitos e deméritos. É a sua trapaça para roubar-lhes os votos. Feito isto, abre um sorriso largo na cara-de-pau e exibe o "mata-piolho", anunciando que tudo está bem (para ele, é claro, que iludido ou não, já se vê eleito).De repente o sujeito ganha. Toma posse. É um homem (ou mulher) de posse. Logo sente o sabor da mordomia, do salário invejável, do nada fazer em troca de suas benesses e negociatas. E quando ainda pensa no povo é porque olha para um certo dedo da mão, recordando que aquele não atuou na campanha. Incomodado com a injustiça, decide repará-la de uma vez por todas e com infinita vantagem.O político, agora, passará quatro anos mostrando o "pai-de-todos" a todos que acreditaram nos outros dedos.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 19/06/2007
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