Tem gente que não desconhece que nossa língua portuguesa é mesmo um fuá no bom sentido. Pense numa língua prostituta é a nossa. Às vezes fico pensando e me colocando no lugar de uma pessoa que vem de outro país  e se depara com esse monte de significados e significantes do nosso idioma. Digo isso porque me acordei imaginando no quanto eu gostava dos confeitos de gasosa.  Alguém se lembra deles? Pois é. Eu não sei como é que coisas tão boas se acabam, da mesma forma que os chocolates peixes. Mas não é disso que quero falar, mas sim de que “confeito” aqui não é confeito, mas bala. Bala, lá na minha terra era bala de revolver. Logo, para um turista estrangeiro “balada” seria apenas um tiro do “buxo”, mas não. Balada é uma festa cercada de putaria e drogas por todos os lados. Ou não? Onde está o erro? Na bala ou na “promiscuidade” do nosso idioma? Calma: bala é bala. Mas é também confeito em muitas localidades do interior. Balada, de fato, está ligada a musica – aos embalos de sábado à noite! Contudo, um estrangeiro também pode escutar balada e bala e bela e bola... Aff! Um arsenal de letras iguais mas diferentes na fonética da significação. Ele pode até ter feito um bom curso de português por lá, mas que fica com o juízo mole fica quando precisar falar uma ou outra coisa. Isso só pra ficar no meu confeito. Acho “confeito” poético. Bala me dá medo. Outro dia, me contaram que num tiroteio alguém falou: bala! O quê? Bala – olha a bala! A bichinha escutando isso começou a “abalar” dar pinta, a se rebolar em cima da mesa e veio a bala e “pimba”, matou a bicha. Só pra descontrair.
 
Carlos Sena – Abala.